“Exorto-vos a introduzir sanções devastadoras contra a indústria russa de mísseis e ‘drones'”, pediu Kuleba ao intervir por videoconferência numa reunião com os seus homólogos da UE, em Bruxelas, incluindo o ministro português João Gomes Cravinho.

Kuleba disse que as novas sanções poderão contribuir para destruir ou “limitar severamente” a capacidade de a Rússia produzir novos mísseis e ‘drones’ (aeronaves não tripuladas).

“Também alcançaremos o objetivo estratégico a longo prazo de dissuadir o terror dos mísseis russos”, afirmou, citado pela agências Interfax-Ucrânia e a espanhola Europa Press.

A Rússia respondeu a uma contraofensiva ucraniana com uma campanha de bombardeamentos de infraestruturas energéticas na Ucrânia nos últimos meses.

Num desses ataques, foi atingido um edifício residencial na cidade de Dnipro (sudeste) em 14 de janeiro, provocando a morte a 45 civis.

As convenções internacionais sobre a guerra proíbem usar os civis como alvos.

A Ucrânia e os seus aliados ocidentais têm acusado a Rússia de cometer alegados crimes de guerra ao visar civis e infraestruturas não militares.

A Rússia nega tais acusações.

Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro do ano passado, a UE aprovou nove pacotes de sanções contra interesses russos, à semelhança de outros aliados de Kiev.

Kuleba considerou inaceitável que se permita que alguns dos visados pelas sanções as consigam contornar, pedindo medidas para que isso seja evitado.

Propôs também à UE que baixe o limite de 60 dólares para o preço do petróleo russo, alegando que atualmente já é inferior a 40 dólares por barril.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia apelou igualmente para que mais bancos russos sejam desligados do sistema SWIFT (sigla de “Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication”) de transações financeiras internacionais.

Referiu, em particular, o Gazprombank, do grupo energético Gazprom, e o Banco de São Petersburgo, que disse estarem envolvidos no financiamento da guerra.

Pediu ainda que a Rússia seja privada do acesso a serviços e operações com moedas criptográficas.

Falou igualmente no fim da cooperação com a Rússia no domínio da energia nuclear e na imposição de sanções contra a estatal Rosatom, segundo a Interfax-Ucrânia.

Disse que o primeiro passo poderia ser a introdução de sanções contra funcionários da Rosatom que Kiev acusa de terem ajudado as forças russas a conquistar o controlo da central nuclear de Zaporijia (sudeste).

Trata-se da maior central do género na Europa e os combates no seu perímetro, bem como a interrupção no acesso aos seus dados, fizeram a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) recear um acidente nuclear.

A AIEA mantém a vigilância da central, mas a Rússia tem-se oposto à criação de um perímetro de segurança nas instalações.

“Todos concordam que a central – localizada na linha da frente numa zona de combate ativo – precisa de ser protegida, mas estas são negociações muito complexas”, disse o diretor da AIEA, Rafael Grossi, no sábado, após um encontro em Kiev com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

“Não irei parar até que a zona [de segurança] tão necessária seja uma realidade. Continuarei as minhas intensas consultas tanto com a Ucrânia como com a Federação Russa nos próximos dias e semanas”, acrescentou Grossi, segundo o ‘site’ da AIEA.