“O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, e o vereador Pedro Pina sabem bem quem é o presidente da Associação dos Imigrantes de Leste [Edinstvo], sabem bem quem é o Igor Khashin, sabem que ele tem relações com o Kremlin, sabem que ele é um alto representante da Rússia em Portugal”, disse à agência Lusa o deputado e vereador do PS da Câmara de Setúbal Fernando José.
Prometendo voltar ao assunto na reunião pública do executivo camarário agendada para quarta-feira, Fernando José recordou que “não há muito tempo, responsáveis da Câmara de Setúbal tiveram uma reunião com o senhor Igor, enquanto representante da Rússia em Portugal, no sentido de trazer investimentos para a cidade”.
De acordo com a última edição do jornal Expresso, refugiados ucranianos foram recebidos na Câmara de Setúbal por dois cidadãos de origem russa, Igor Khashin, também líder da associação Edinstvo, subsidiada pela autarquia desde 2005 e que recebeu apoios financeiros de quase 90 mil euros nos últimos três anos, e a mulher, Yulia Khashina, funcionária do município sadino.
Segundo o jornal Expresso, Igor e Yulia terão, alegadamente, fotocopiado documentos de identificação dos refugiados ucranianos, além de terem feito perguntas sobre o paradeiro de familiares que deixaram na Ucrânia, à margem do que estará previsto nestes casos.
À Lusa, o autarca socialista acusou ainda a atual maioria CDU de não ter tido em consideração os avisos da bancada do PS, na reunião camarária de 20 de abril, e revelar “grande insensibilidade” face ao constrangimento dos refugiados ucranianos por serem recebidos por cidadãos de origem russa, o país agressor da Ucrânia.
O PSD de Setúbal, que na passada sexta-feira pediu a demissão do presidente do município, devido à polémica em torno do acolhimento de refugiados ucranianos, também não poupa críticas à maioria CDU.
Para Nuno Carvalho, deputado e eleito do PSD na Assembleia Municipal de Setúbal, a maioria comunista na autarquia sadina está a justificar-se, indevidamente, com um protocolo elaborado com o objetivo de apoiar imigrantes quando ainda não havia guerra na Ucrânia.
“Este protocolo está tão relacionado com os refugiados como qualquer estrada ou jardim feitos em 2021, quando ninguém adivinhava que a Rússia ia invadir a Ucrânia. No próprio documento não há uma única referência ao acolhimento de refugiados de nacionalidade ucraniana, dado que o protocolo refere apenas nacionalidades russa e brasileira”, disse, também em declarações à Lusa.
Por isso, acrescentou, “misturar alhos com bugalhos só significa que o presidente da Câmara Municipal de Setúbal não tem como explicar o erro”, não lhe restando “outra alternativa que não seja apresentar a sua demissão”.
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