Os comissários e altos funcionários europeus com deslocações programadas às reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial na próxima semana receberam estas novas orientações, de acordo com quatro pessoas ligadas aos processo citadas na segunda-feira pelo jornal britânico.

Segundo estas fontes, as medidas replicam as utilizadas em viagens à Ucrânia e à China, onde os equipamentos informáticos padrão não podem ser levados para os países por medo da vigilância russa ou chinesa.

“Estão preocupados com a possibilidade de os EUA entrarem nos sistemas da comissão”, frisou uma das fontes.

O Presidente norte-americano Donald Trump acusou a União Europeia (UE) de ter sido criada para "prejudicar os EUA" e anunciou tarifas recíprocas de 20% sobre as exportações do bloco, que posteriormente reduziu para metade durante um período de 90 dias.

Bruxelas e Washington estão envolvidos em negociações delicadas em diversas áreas em que seria conveniente para cada um dos lados recolher informações sobre o outro, referiu ainda o Financial Times.

Maroš Šefčovič, comissário do comércio da UE, manteve na segunda-feira uma reunião com o secretário do Comércio, Howard Lutnick, em Washington, num esforço para resolver uma guerra comercial crescente.

Três comissários vão viajar para Washington para as reuniões do FMI e do Banco Mundial de 21 a 26 de abril: Valdis Dombrovskis, comissário da economia; Maria Luís Albuquerque, comissária de Serviços Financeiros e União da Poupança e dos Investimentos; e Jozef Síkela, que se ocupa da assistência ao desenvolvimento.

A Comissão confirmou que atualizou recentemente o seu conselho de segurança para os EUA, mas disse que nenhuma instrução específica sobre a utilização de telefones descartáveis foi dada por escrito, ainda segundo o Financial Times.

As fontes citadas pelo jornal adiantaram ainda que a orientação para todos os responsáveis que viajam para os EUA incluía uma recomendação de que devem desligar os telemóveis pessoais na fronteira e colocá-los em capas especiais para os proteger de espionagem se deixados sem supervisão.

As restrições à utilização dos equipamentos tecnológicos surge num momento em que a guerra na Ucrânia e as tarifas comerciais afastam cada vez mais os EUA da Europa. Os receios sobre a recolha de informações refletem a entrada numa nova era de desconfiança mútua. "A aliança transatlântica terminou", refere um dos responsáveis europeus.