
Com um ecrã maior e mais potência de processamento, a Switch 2 é uma atualização da sua antecessora, que já vendeu 152 milhões de unidades desde o lançamento em 2017 — tornando-se na terceira consola de videojogos mais vendida de sempre.
Apesar do entusiasmo dos fãs e da forte procura nas pré-vendas, a Nintendo enfrenta alguns obstáculos, incluindo a incerteza sobre tarifas comerciais nos EUA e dúvidas sobre quantas pessoas estarão dispostas a pagar o novo preço.
A Switch 2 “tem um preço relativamente alto” comparado com o modelo original, afirmou o presidente da empresa, Shuntaro Furukawa, numa apresentação de resultados em maio.
“Por isso, mesmo que haja entusiasmo no lançamento, sabemos que não será fácil manter esse ritmo a longo prazo”, alertou.
As vendas da Switch original, que pode ser ligada à televisão ou jogada em modo portátil, beneficiaram da popularidade de jogos como “Animal Crossing” durante os confinamentos da pandemia.
A empresa japonesa prevê vender 15 milhões de consolas Switch 2 no atual ano fiscal — número idêntico ao da original no mesmo período após o seu lançamento.
O novo modelo custa 449,99 dólares nos Estados Unidos, mais de um terço acima da Switch. No Japão, a versão exclusiva custa 49.980 ienes (cerca de 350 dólares). Jogos como o novo “Donkey Kong Bonanza” e “Mario Kart World” — que permite explorar fora de estrada — também têm preços superiores aos títulos da Switch original.
A maioria dos jogos antigos é compatível com a Switch 2, e alguns sucessos como “Zelda: Breath of the Wild” terão edições melhoradas para a nova consola.
“Super entusiasmados”
“As pessoas ficaram um pouco surpreendidas com o preço de ‘Mario Kart World’, o primeiro jogo a custar 80 dólares”, disse Krysta Yang, do podcast “Kit & Krysta”, centrado na Nintendo.
Embora a empresa “tenha algum trabalho a fazer” para convencer jogadores casuais a fazer o upgrade, os fãs da Nintendo estão “super entusiasmados”, afirmou Yang à AFP.
A Switch 2 terá oito vezes mais memória que a versão anterior, e os novos comandos, que se fixam com ímanes, também podem ser usados como um rato de computador.
Apesar de não ser uma mudança radical, “muita gente está a dizer: ‘era isto que eu queria — uma Switch mais potente. Não mexam no que já funciona’”, acrescentou Yang, ex-funcionária da Nintendo.
Novas funcionalidades, como chat durante o jogo online e a possibilidade de partilhar temporariamente jogos com amigos, também podem ser fatores de atração, segundo David Gibson, da MST Financial.
“É uma forma de chegar a um público habituado à ideia de transmitir e ver jogos, além de jogá-los”, afirmou à AFP, prevendo que a Switch 2 poderá bater recordes de vendas nos primeiros dias.
E esse sucesso é crucial para a Nintendo.
Apesar de estar a diversificar o negócio com parques temáticos e filmes de sucesso, cerca de 90% das receitas da empresa ainda vêm da área da Switch, segundo analistas.
Tarifas alfandegárias no caminho?
A Nintendo adiou as pré-vendas da Switch 2 nos Estados Unidos durante duas semanas para avaliar o impacto das políticas comerciais do presidente Donald Trump, que incluem tarifas agressivas ao comércio internacional.
Mas desde então as pré-vendas esgotaram no mercado norte-americano e noutros, com a empresa a destacar uma procura particularmente forte no Japão.
Furukawa afirmou em maio que as previsões financeiras da Nintendo assumem tarifas dos EUA de 10% sobre produtos fabricados no Japão, Vietname e Camboja, e de 145% sobre produtos da China.
“O hardware para a América do Norte é principalmente produzido no Vietname”, acrescentou.
A tarifa “recíproca” de Trump, de 46% sobre produtos do Vietname, está atualmente suspensa, e as da China foram reduzidas.
Segundo Yang, a incerteza tarifária pode, na verdade, incentivar os consumidores a comprar a Switch 2 mais cedo, com receio de uma subida de preços.
Charlotte Massicault, diretora de multimédia e gaming da retalhista francesa Fnac Darty, disse à AFP que a procura nas pré-vendas foi “muito acima do que imaginávamos”.
“Para nós, será um recorde em termos de vendas no primeiro dia de uma consola de videojogos”, afirmou.
A Switch 2 é “menos um produto para toda a família, e mais um produto direcionado para ‘gamers’”, concluiu.
“Era isso que a Nintendo queria — e está a resultar.”
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