Ursula von der Leyen afirmou que, neste período, aos 100 milhões de ajuda da UE juntaram-se mais 260 milhões de euros de outros estados membros, que permitiram enviar 15 voos carregados com bens essenciais para o aeroporto de Al Arish, a 40 quilómetros do posto fronteiriço de Rafah, que liga o norte do Sinai egípcio à Faixa de Gaza.

É através deste aeroporto que o Egito, em coordenação com diferentes organizações humanitárias, introduz abastecimentos na Faixa de Gaza.

Os carregamentos já enviados para o enclave palestiniano incluem equipamento médico, como aparelhos de anestesia da Suécia ou ventiladores, concentradores de oxigénio e aparelhos de ultrassons da Alemanha, Hungria e Países Baixos.

“O volume da ajuda a Gaza tem de ser aumentado”, afirmou Von der Leyen, que sublinhou a necessidade de implementar o corredor humanitário proposto por Chipre e de responder a quaisquer necessidades logísticas ou técnicas.

Von der Leyen reconheceu o papel das autoridades egípcias na garantia do acesso da ajuda de emergência a Gaza e sublinhou que “o Egito está a fornecer uma linha de vida a Gaza”, que “a UE utiliza plenamente para satisfazer as necessidades humanitárias”.

A presidente da Comissão Europeia salientou também a estreita cooperação não só com o Egito, mas também com a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) e o Comité Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

Sublinhou que outro dos principais interesses da UE é prevenir e evitar uma escalada de violência e o alastramento do conflito na região, tal como foi discutido durante um encontro no Cairo com o Presidente egípcio, Abdel Fatah Al-Sissi.

No encontro, ambos concordaram em definir um “horizonte político baseado numa solução de dois Estados” para acabar com a crise humanitária na Faixa de Gaza causada pela guerra entre Israel e o grupo islamita Hamas.

“O diálogo é essencial para manter viva a chama da paz”, concluiu Von der Leyen, que afirmou que as suas conversações estão em sintonia com as do alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, que, num evento paralelo na capital dos Balcãs, Manama, afirmou que propor uma solução de dois Estados sem definir os passos para a alcançar “não é útil”.

Posteriormente, na rede social X (antigo Twitter), von der Leyen disse que se opõe à “deslocação forçada” de palestinianos.

“Concordamos com o princípio da não deslocação forçada de palestinianos e com um horizonte político baseado numa solução de dois Estados”, israelita e palestiniano, acrescentou.

Após a sua visita ao Egito, a responsável europeia deslocar-se-á a Amã, onde vai reunir-se com o monarca hachemita, Abdullah II, para debater a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, que já fez mais de 16 mil mortos, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

A 07 de outubro, combatentes do Hamas — desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel — realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de 5.000 feridos e mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para “erradicar” o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.

A guerra entre Israel e o Hamas fez até agora na Faixa de Gaza 12.000 mortos, na maioria civis, 30.000 feridos, 3.250 desaparecidos sob os escombros e mais de 1,6 milhões de deslocados, segundo o mais recente balanço das autoridades locais.