A decisão do conselho de administração surgiu menos de uma semana depois de a polícia ter detido cinco responsáveis e congelado bens no valor de 1,9 milhões de euros.
O “Apple Daily decidiu que o jornal vai terminar a atividade a partir da meia-noite (17:00 em Lisboa) e que 24 de junho será o último dia de publicação”, escreveu o diário na página digital, onde precisou que o sítio na internet do jornal “deixará de ser atualizado a partir da meia-noite”.
Alguns minutos antes, o conselho de administração tinha anunciado, num curto comunicado, que o último número impresso seria o de sábado, 26 de junho de 2021, deixando a versão digital de estar acessível a partir das 23:59 (16:59 em Lisboa), também de sábado.
Durante anos, o Apple Daily foi um firme apoiante do movimento pró-democracia na região semiautónoma e tem sido crítico dos líderes chineses.
O proprietário e magnata dos ‘media’ Jimmy Lai está atualmente detido, condenado a várias penas de prisão pelo envolvimento em protestos antigovernamentais em 2019.
Foi também acusado, ao abrigo da lei de segurança nacional, que prevê a pena de prisão perpétua para crimes de secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras.
Na quinta-feira, mais de 500 polícias invadiram os escritórios do jornal, numa operação que resultou na detenção de cinco responsáveis e no congelamento de bens no valor de 18 milhões de dólares de Hong Kong (cerca de 1,9 milhões de euros) de três empresas ligadas ao Apple Daily.
Um dia depois, o diretor do jornal, Ryan Law, e o diretor-geral, Cheung Kim-hung, foram acusados de “conluio com um país estrangeiro ou elementos externos para pôr em perigo a segurança nacional” chinesa. Um tribunal de Hong Kong negou, no sábado, fiança para os dois responsáveis.
Esta foi a primeira vez que opiniões políticas publicadas por um órgão de comunicação social de Hong Kong levam a um processo judicial ao abrigo da controversa lei imposta pela China, em 2020, na antiga colónia britânica.
Os protestos antigovernamentais, iniciados na segunda metade de 2019, na sequência da apresentação de uma proposta de lei que previa a possibilidade de extradição judicial para a China, prologaram-se por vários meses na região semiautónoma.
A proposta foi retirada, mas Pequim aprovou, em 30 de junho de 2020, a lei da segurança nacional para o território.
A lei foi criticada pela UE, pelos Estados Unidos e pela ONU por violar o princípio “Um país, dois sistemas”, acordado na transferência de Hong Kong, em 1997 e que garantia à antiga colónia britânica liberdades desconhecidas no resto da China.
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