Na madrugada de terça-feira para quarta-feira, o gigantesco porta-contentores “Ever Given” encalhou numa das margens do Canal do Suez devido à força do vento, quando seguia para Roterdão, nos Países Baixos.

Aliando a sua enorme dimensão à estreiteza desta via marítima, o navio está, desde então, a impedir a circulação pelo canal, não obstante os esforços das autoridades locais.

Com as tentativas falhadas dos navios reboque de tentar afastar o navio da margem— do tamanho de um arranha-céus, pesando mais de 220.000 toneladas, medindo 400 metros de comprimento e 60 metros de altura — , os esforços recaíram na demanda solitária de um bulldozer a tentar escavar junto do barco para tentar dar-lhe espaço de manobra para poder reverter o percurso.

A imagem de um tão diminuto buldozer ao pé de tão gigante navio já levou alguns internautas a comparar o feito à história bíblica de David e Golias. Outros têm aproveitado a ocasião para fazer piadas sobre a grandeza de um desafio face às ferramentas ou aos esforços para tentar superá-lo, abordando temas desde a ansiedade face à covid-19 às tentativas de tentar escrever uma tese universitária, um parágrafo por dia.

O episódio também já levou a montagens como à feita com uma cena do filme Austin Powers, em que o protagonista tenta fazer uma inversão de marcha com um carro num corredor apertado, acabando por ficar preso.

Alguns recorreram ainda à poesia para brincar com a situação.

Por cá, o deputado do Bloco de Esquerda, Luís Monteiro, comparou o engarrafamento gerado pelo bloqueio — já obrigou à paragem de 150 outros navios — à compra de croissants num domingo de manhã em Santo Ovídio. Já a página Insónias em Carvão também não perdeu oportunidade de abordar o acontecimento.

Outro aspeto apontado por alguns, como o editor executivo da revista Vice, Matthew Champion, é que a juntar à bizarria do ocorrido, o navio parece ter feito uma trajetória fálica antes de encalhar na margem do canal.

De resto, piadas à parte, o incidente tem provocado graves problemas ao comércio marítimo internacional, já que o Canal do Suez garante a passagem de 10% do comércio marítimo internacional, o que significou, em 2020, a passagem de cerca de 19 mil navios.

O acidente já provocou um aumento do preço do petróleo Brent no mercado de futuros de Londres, devido aos receios em relação ao abastecimento internacional, ultrapassando já os 53 dólares por barril.

De acordo com o jornal de transporte marítimo Lloyd’s List, por cada dia que o Canal de Suez estiver fechado perde-se mais de 7,6 mil milhões de euros em mercadorias que deveriam estar a passar pelo canal.

O encerramento pode afetar os embarques de petróleo e gás do Médio Oriente para a Europa, que dependem do canal para evitar ter de contornar o continente africano.

Um quarto de todo o tráfego diário do Canal de Suez são porta-contentores como o ‘Ever Given’, disse o jornal.

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