O desenho, soube o 7MARGENS, que aqui o revela em primeira mão, foi mostrado no segundo encontro do Comité Organizador Local (COL), que decorreu no sábado, 4 de fevereiro, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa. Entre os elementos gráficos do modelo escolhido, distinguem-se os símbolos (caminho e terço) e as cores (amarelo e vermelho) oficiais da JMJ de Lisboa, que aparecem na parte exterior da estrutura como um movimento para invocar a experiência de peregrinação.
Tal como aconteceu no Panamá, na última JMJ (Janeiro 2019), também os 150 confessionários da Jornada de Lisboa serão construídos por reclusos, neste caso, dos estabelecimentos prisionais de Coimbra, Paços de Ferreira e Porto. Para o efeito, confirma o gabinete de comunicação do Comité Organizador Local (COL), ao 7MARGENS, foi estabelecido um protocolo de colaboração com a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.
“Com esta colaboração, pretende-se contribuir para a promoção da reinserção social destes reclusos, aquando do seu retorno à vida ativa e através da sua capacitação profissional, do trabalho e da interação com a comunidade”, diz o COL. Os reclusos, que trabalham em regime aberto na paróquia de Priscos (Braga), não serão, assim, incluídos no grupo dos que construirão os confessionários.
Esta colaboração na construção dos confessionários concretiza a ideia lançada pelo então coordenador da Pastoral Penitenciária, o padre João Gonçalves, em entrevista à agência Ecclesia, em fevereiro de 2020 e meses antes de morrer, em dezembro do mesmo ano.
20 ainda mantêm divisória
A maior parte dos confessionários, que ficarão instalados no Jardim Vasco da Gama, em Belém, não terão nem genuflexório, nem grade ou divisória fixa entre penitentes e confessores (este último elemento estará presente em 20 dos 150 confessionários). O que traduz uma nova abordagem na idealização da estrutura, tornando-a menos impessoal, em sintonia com o novo olhar sobre a confissão proposto pelo Papa Francisco, por exemplo, num dos seus discursos na viagem à Eslováquia, em setembro de 2021.
Isso é visível se se comparar o desenho previsto para Lisboa com os que foram utilizados nas JMJ de Madrid (2011) e Rio de Janeiro (2013). No caso da capital portuguesa, os confessionários foram desenhados pela equipa de voluntários que está responsável pelo “Parque do Perdão”, uma das partes em que se divide a “Cidade da Alegria”. O desenho gráfico foi feito pela equipa de voluntários da direção de comunicação do Comité Organizador Local (COL).
Esta opção, pela ausência da divisória, “está relacionada com a imagem do sacramento da confissão que a própria estrutura do confessionário traduz de uma casa aberta que acolhe de uma forma muito pessoal e personalizada”, justifica o COL na resposta ao 7MARGENS. Embora não esteja relacionado com a questão – muito menos numa JMJ, em que o espaço da confissão estará ao ar livre –, o desenho foge do confessionário fechado tradicional que, como se soube na segunda-feira, foi o local de abusos sexuais de 14,3% dos casos registados pela Comissão Independente, em Portugal.
“A não existência de divisões, para além de conferir à celebração um caráter mais pessoal e familiar, facilita também a sua utilização, especialmente por pessoas com mobilidade reduzida”, acrescenta o COL.
Haverá, no entanto, 20 dos 150 confessionários que manterão as divisórias. Uma opção decidida entre o COL e o Vaticano, que “pretende garantir o cumprimento do cânone 964 do Código de Direito Canónico que, no parágrafo 2, estabelece que “existam sempre em lugar patente confessionários, munidos de uma grade fixa entre o penitente e o confessor, e que possam utilizar livremente os fiéis que assim o desejem”.
Nesta linha, diz o COL, pretende-se, “sobretudo, assegurar uma celebração acolhedora para todos, mantendo a possibilidade da celebração com divisória para os jovens que assim o desejem”.
O “Parque do Perdão” funcionará entre os dias 1 a 4 de agosto, entre as 10h e as 18h, de acordo com a informação dada na reunião do COL, com padres que estarão inscritos para participar na JMJ, disponíveis em diferentes idiomas para acolher os jovens que pretendam fazer a experiência da reconciliação das “feridas” de cada pessoa e do “reencontro com Deus, com o próprio e com os outros”.
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