Em comunicado, a PJ refere que, juntamente com Polícia Federal do Brasil, participou na “Operação Descobrimento” que foi hoje realizada em simultâneo nos dois países.
Segundo a PJ, a operação teve como objetivo dar cumprimento simultâneo, em Portugal e no Brasil, a diversos mandados de busca e de detenção emitidos no âmbito de investigação em curso por tráfico internacional de droga.
A PJ indica que em Portugal foram realizadas duas buscas, uma em residência e outra num escritório, com o objetivo de se proceder à apreensão de documentos, objetos e valores relacionados com os factos sob investigação.
Durante a operação, foi também detida, num hotel de luxo da cidade de Lisboa, uma mulher estrangeira contra a qual pendia um mandado detenção com eficácia internacional emitido pelas competentes autoridades brasileiras, de acordo com aquela polícia.
A PJ frisa igualmente que no Brasil foram realizadas 43 buscas em residências e noutros locais e detidos diversas pessoas suspeitos de “integrarem uma vasta e poderosa organização criminosa que se dedicava à remessa, para a Europa, de grandes quantidades de cocaína”.
A Polícia Judiciária refere ainda que, no ano passado, no quadro desta operação, haviam sido já apreendidos mais de 650 quilogramas de cocaína que foram detetados na fuselagem de um avião de registo português.
Numa nota publicada hoje de manhã, a Polícia Federal brasileira referia que se estava a realizar hoje nos dois países a “Operação Descobrimento” com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de cocaína.
A Polícia Federal precisa que as investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando o avião Dassault Falcon 900 da empresa OMI, pertencente a um grupo privado português de aviação, aterrou no aeroporto internacional de Salvador para abastecimento e, após ser inspecionado, foram encontrados mais de meia tonelada de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave.
A partir da apreensão, a Polícia Federal conseguiu identificar a estrutura da organização criminosa que atuava nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar a carga), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).
A Justiça brasileira decretou ainda medidas patrimoniais de apreensão, sequestro de imóveis e congelamento de valores em contas bancárias usadas pelos suspeitos.
Em 27 de janeiro de 2021, o empresário e ex-presidente do Boavista João Loureiro descolou do Aeródromo Municipal de Tires, em Cascais, rumo ao Brasil, tendo aterrado no aeroporto de Salvador, no estado da Bahia, e posteriormente, descolado de Salvador para o aeroporto de Jundiaí, no Estado de São Paulo, onde ficou estacionado cerca de uma semana.
O Falcon 900 descolou depois de Jundiaí rumo a Salvador e, durante o voo, o comandante detetou falhas mecânicas, tendo solicitado uma inspeção técnica à aeronave.
De acordo com o manifesto de voo da Omni, a que a Lusa teve acesso, na viagem de Jundiaí para Salvador, realizada em 06 de fevereiro de 2021, seguiam a bordo, como passageiros, os empresários João Loureiro e Mansur Herédia, de nacionalidade espanhola, que se encontra em paradeiro incerto.
Em abril do ano passado, as autoridades brasileiras descartaram qualquer ligação do advogado João Loureiro ao caso de tráfico de cocaína num avião.
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