O ano letivo ainda não começou, mas ao contrário de alunos e professores (talvez não todos, mas alguns), os problemas em torno do setor da educação "não foram de férias de verão".

Nas últimas semanas, um dos temas principais de discussão tem sido o flagelo da falta de professores e o fornecimento de apoios a estes profissionais (ou falta deles) por parte do Governo.

Hoje, o Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, anunciou que o apoio aos professores deslocados, já, anteriormente, prometido e aprovado em Conselho de Ministros, teria um aumento de 50%, melhorando, assim, a proposta já apresentada.

Se antes o apoio estava previsto para variar entre os 75 e os 300 euros, agora os valores vão variar entre os 150 e os 450 euros.

Segundo a nova proposta, os professores colocados em escolas a mais de 70 km da sua residência receberão o valor mais baixo, enquanto que os docentes colocados a mais de 200 km irão receber um apoio no valor de 300 euros. Para os professores que estarão a lecionar a mais de 300 km de casa, o apoio será de 450 euros.

Por outro lado, o apoio foi também alargado a todos os professores, independentemente da disciplina que lecionam.

O descontentamento, não só das últimas semanas mas dos últimos anos, não surge apenas dos professores, mas também dos encarregados de educação.

De acordo com o Portal da Queixa, e até ao momento, houve 483 reclamações. Entre elas, 424 eram dirigidas ao Ministério da Educação, Ciência e Inovação devido à utilização do Portal das Matrículas.

Por sua vez, "a falta de vagas, com especial enfoque no pré-escolar, é o segundo motivo mais reportado. Uma realidade grave, que espelha a indignação e desespero de vários pais que não conseguiram colocação para os filhos neste ano letivo, retratada em 15.7% das reclamações", pode ler-se no Portal.

O fundador do Portal da Queixa, Pedro Lourenço, realçou também as queixas que dizem respeito aos atrasos no pagamento de subsídios ou bolsas de mérito, a motivar 3,7% das ocorrências no site.

E as queixas não ficaram por aqui.

"A plataforma MEGA (Manuais Escolares Gratuitos), que soma este ano 59 reclamações, esteve na mira da insatisfação dos pais e encarregados de educação, sobretudo, nos últimos meses. Os principais motivos de reclamação estão relacionados com os atrasos na entrega dos manuais que já foram requisitados, a originar 35.2% das queixas apresentadas. Segue-se a falta de manuais (referente à falta de stock e entrega incompleta dos livros), motivo reportado em 33.3% das ocorrências. Já a dificuldade para obtenção do voucher (falta ou atraso) motivou 22.2% das denúncias", referiu.

Já, segundo a CEO do Portal da Queixa, Sónia Lage Lourenço, outro fator que levou a várias queixas por parte das famílias foi a subida dos valores do material escolar, com uma média estimada em 200 euros por estudante.

“É sempre importante pesquisar antes de comprar, comparar marcas e produtos, acompanhar as experiências públicas de outros consumidores, analisar bem as promoções, para assim o consumidor aproveitar realmente as oportunidades de poupança que podem surgir", explicou.

Este não é, no entanto, um cenário único e isolado.

"Infelizmente, todos os anos, a marcar o regresso das aulas, constatamos na plataforma o avolumar de relatos de experiências negativas de pais e encarregados de educação, quer relacionadas com as dificuldades na utilização dos canais digitais do estado (portal das matrículas e plataforma MEGA), quer referentes à entrega dos respetivos manuais gratuitos e do material escolar", destacou Pedro Lourenço.

"Na minha opinião, ainda mais preocupante, são os casos onde pais reportam a falta de vagas nas creches, com verdadeiros relatos de desespero e indignação. Antevemos ainda que, este mês de setembro, a tendência de crescimento do volume de reclamações se vá manter, pois já há consumidores a queixar-se da subida de preço do material escolar, motivo que certamente vai ainda gerar muitas queixas na plataforma”, acrescentou.