Antigos elementos do grupo terão atuado a mando de Keith Maxwell, o excêntrico líder do sombrio Instituto Sul-Africano de Investigação Marítima, que defendia um país de maioria branca, onde “os excessos dos anos 60,70 e 80 não teriam lugar no mundo pós-sida”.
O líder do grupo é acusado de se ter apresentado como um médico filantropo para dar falsas injeções aos cidadãos sul-africanos negros.
“Uma sombria unidade paramilitar da era ‘apartheid’ foi planeada para infetar a população negra”, escreve hoje o jornal, a propósito do documentário intitulado “Cold Case Hammarskjold”.
Um ex-elemento do instituto (SAIMR, na sigla em inglês) disse que o grupo “espalhou o vírus” a mando de Maxwell.
Falando aos autores daquele documentário, o ex-oficial dos serviços secretos do instituto Alexandre Jones disse que Maxwell, que tinha poucas qualificações médicas, se estabeleceu como médico tratando negros pobres sul-africanos.
“Qual a maneira mais fácil de obter uma cobaia, quando se vive num regime de ‘apartheid’?”, afirmou Jones para o documentário, que se estreia este fim de semana no Festival Sundance Film.
“As pessoas negras não tinham direitos, precisavam de cuidados médicos. Há um ‘filantropo’ branco que chega e diz ‘vou abrir estas clínicas e tratar-vos’ e, no entanto, é apenas um lobo com pele de cordeiro”, relatou.
Os autores do documentário encontraram uma placa anunciando os serviços de um “Dr. Maxwell” em Putfontein, perto de Joanesburgo, e falaram com habitantes locais, que se lembram de um homem que tinha um monopólio virtual na área da saúde, apesar de oferecer estranhos tratamentos.
Jones disse que o SAIMR também atuou fora da África do Sul, referindo no documentário: “Estivemos envolvidos em Moçambique, espalhando o vírus da sida através de condições clínicas”.
Acredita-se que o SAIRM tinha ligações secretas com as forças armadas do “apartheid” na África do Sul.
Foi também acusado de trabalhar com os serviços secretos britânicos e a norte-americana CIA para assassinar o secretário-geral das Nações Unidas Dag Hammarskjold.
O secretário-geral de nacionalidade sueca, um apoiante da descolonização, morreu em circunstâncias misteriosas quando o avião em que seguia explodiu antes de aterrar na Zâmbia, em 1961.
Tentava mediar a paz entre o recém-independente Congo e a província separatista de Katanga.
Em 1998, a Comissão de Verdade e Reconciliação pós “apartheid” da África do Sul revelou ter encontrado cartas em papel timbrado do SAIMR que pareciam sugerir que os serviços secretos britânicos e a CIA tinham concordado que “Hammarskjold devia ser removido”, escreve o Independent.
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