Os elementos de combustível que já não se utilizam ainda são altamente radioativos", característica que mantêm durante milhões de anos, disse à agência Lusa Francisco Ferreira, da associação ambiental Zero.
No caso de Almaraz, que tem reatores de água pressurizada, trata-se de urânio, que em contacto com água dentro do circuito primário do reator produz vapor de alta pressão cuja força é aproveitada para mover turbinas e assim produzir energia.
Da utilização desses materiais, resulta combustível nuclear gasto, urânio 238, que pode ser armazenado em piscinas de água, a seco ou em ambiente húmido, no que se designa como Armazenamento Temporário Individualizado (ATI), que pode durar entre 60 a 100 anos.
No caso de Almaraz, o que se prevê é que as barras de urânio sejam guardadas em contentores metálicos ou de betão acima do solo, o que em si não constitui risco acrescido, referiu Francisco Ferreira, apontando que a maior preocupação dos ambientalistas é que, podendo armazenar o combustível que já não está em condições de utilizar, a central continue a operar para além do seu prazo previsto de laboração, em 2020.
O armazenamento de material radioativo teria sempre que acontecer, inclusivamente quando a central for desmantelada, indicou.
Espanha previa ter pronto no ano passado um depósito centralizado dos resíduos de todas as suas centrais, semelhante ao que se projeta agora para Almaraz mas depois de o projeto ser anunciado em 2011, nunca chegou a arrancar.
"É por isso que surgem agora estes armazéns", apontou Francisco Ferreira, referindo que o "destino finalíssimo" de dejetos nucleares que resultam das operações nas centrais terá sempre que ser "um depósito geológico profundo".
Mas isso ainda falta encontrar na maior parte dos países: Espanha não tem um e até um país como os Estados Unidos da América ainda não designou um local para armazenar o combustível nuclear que já não se usa.
A central nuclear de Almaraz, cuja construção começou em 1971, tem dois reatores nucleares em operação, um desde 1981 e outro desde 1983.
Comentários