Marta Temido explicou, à Rádio Renascença (RR), o que está em causa no processo de vacinação contra a gripe, a par com covid-19, lembrando que a prioridade, este ano, é ser claro "quanto ao universo a que se dirige a vacinação contra a gripe sazonal".
"No final do ano passado, acabámos por ter alguma sobra de vacinas não administradas contra a gripe sazonal. Foi uma quantidade perfeitamente residual e que pode ter decorrido de termos tido, a partir de determinado momento, um crescimento dos números da covid que levaram a que algumas pessoas não tenham procurado a vacinação contra a gripe", começou por dizer, dando de seguida o seu exemplo.
"Eu, pelas minhas características, não sou ainda elegível para a vacinação contra a gripe sazonal. Neste momento, não trabalho em ambiente hospitalar, nem em ambiente de prestação de cuidados de saúde, não tenho idade, não tenho nenhuma comorbilidade, não me vacinei no ano passado. Claro que vou conversar com o meu médico de família, mas imagino não me vacinar este ano também", admitiu.
Assim, deixou o alerta aos portugueses quanto às doses existentes — e a quem se destinam. "Essa compreensão de que as pessoas não têm todas as mesmas condições é fundamental para proteger os que precisam de mais proteção e garantir que as vacinas contra a gripe, que são um bem escasso — as vacinas contra a gripe sazonal têm de ser produzidas em cada ano de acordo com aquilo que é o vírus prevalente —, para que todos utilizemos este bem comum da melhor forma possível", apontou.
A ministra da Saúde lembrou ainda que o processo de vacinação contra a gripe é agora "ligeiramente diferente dos moldes habituais em vários aspetos".
"O primeiro aspeto é que decidimos começar esta terça-feira, antecipando ligeiramente o calendário. Tínhamos pensado começar a 4 de outubro e decidimos começar no dia 27 de setembro, na medida em que pode dar-se o cenário de precisarmos de fazer também uma administração de vacina Covid-19, uma terceira dose ao grupo populacional que também é o grupo prioritário para a gripe sazonal", começou por explicar, acrescentando que ainda não se sabe se é viável uma coadministração de vacinas — no mesmo ato vacinar contra a gripe e contra a Covid-19".
Por outro lado, este ano regista-se "um novo reforço de quantidades a adquirir para a vacinação contra a gripe sazonal".
"Já há mais 140 mil doses encomendadas e temos em negociação mais 300 mil, porque as quantidades de vacinas contra a gripe sazonal que cada país pode adquirir são limitadas, mas houve outros países que desistiram da sua aquisição e Portugal optou por comprometer mais 300 mil doses de forma a garantir um eventual novo aumento de procura", disse Marta Temido.
A vacinação contra a covid-19
Questionada sobre o que falta para Portugal atingir os 85% de vacinação, a ministra da Saúde referiu que há pessoas que já fizeram a primeira dose de vacina e que não foram à segunda dose, nomeadamente até ao grupo etário dos 16/17 anos".
"Apelo a todos aqueles que falharam a sua segunda dose e que sejam elegíveis para a sua administração para se vacinarem, atirou.
Sobre a revisão das condições de isolamento para vacinados, Marta Temido adiantou que "a Direção Geral da Saúde está a ultimar a revisão de algumas normas que pretenderia libertar fazendo a coincidência com este momento do patamar dos 85% de vacinados", garantindo que tal estará concluído "até ao final desta semana, sendo que o final da semana é ao domingo".
A ministra frisou ainda que "fará sentido uma diferenciação da classificação de contactos de risco, relevando o estado vacinal".
"As pessoas, pelo facto de estarem vacinadas, não estão todas nas mesmas condições, não têm todas o mesmo contexto, a mesma situação de saúde e isso tem de ser ponderado. Imagino que não possa ser uma medida única, tenha de ter em vista, por exemplo, o local de residência, como será o caso de pessoas em estruturas residenciais para idosos", explicou.
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