A Rússia era a principal responsável pelo gasóleo consumido em toda a Europa, pelo que a subida de preços (está mais alto que a gasolina) é uma consequência da guerra na Ucrânia e das sanções impostas ao país liderado por Vladimir Putin.
O cenário futuro, no entanto, não parece nada animador e de acordo com António Comprido, secretário-geral da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas - APETRO, poderá mesmo haver falhas na entrega de gasóleo na Europa nos próximos meses.
"Uma análise da Agência Internacional de Energia que diz que vamos ter problemas de falta de gasóleo. De facto, muita gente se questiona porque é que o gasóleo está mais caro do que a gasolina, mas a explicação é simples: a Europa dependia muito da Rússia em termos de gasóleo. Se houver restrições adicionais, como parece que vai haver, não podemos esquecer que antes da guerra a Rússia era responsável por mais de 40% do gasóleo consumido na Europa. Portanto, se queremos passar a zero, isso significa uns milhões de barris por dia que têm de se ir buscar a outros mercados e pode não estar disponível. É evidente que o sistema também tem uma certa capacidade de autorregulação, tudo isto tem tendência para se equilibrar. A questão é que as cadeias de abastecimento se vão tornar mais longas, eventualmente mais caras, com mais intervenientes no processo e, portanto, a tendência será para uma pressão nos preços, principalmente do gasóleo. Não tenho a mínima dúvida disto, até porque vem o inverno e, como sabemos, é um período em que o consumo de gasóleo aumenta bastante devido aos países que o usam como combustível para aquecimento", revelou António Comprido em entrevista ao Diário de Notícias e à TSF.
O também membro do Conselho para os Combustíveis da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos falou ainda sobre o possível racionamento em matéria de energia. António Comprido fala em cooperação da sociedade para evitar essa medida por parte dos governos.
"Sei que já há empresas pela Europa fora a rever os seus horários de funcionamento, no sentido de fugirem das horas de ponta. Se calhar, em vez de dizermos que temos de cortar 20% ou 30% das horas de ponta, temos de pensar como é que podemos adaptar-nos às novas circunstâncias e evitar chegar ao racionamento. Se as medidas voluntárias e de adaptação da sociedade não forem suficientes, é provável que o poder político tenha de chegar à fase do racionamento. Gostaria que isso não acontecesse, mas nada nos garante que não possa vir a acontecer", salientou.
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