No domingo, numa conferência de imprensa no avião que levava Francisco da Irlanda de volta para Roma, o Papa argentino recomendou o recurso à psiquiatria, quando os pais observarem tendências homossexuais nos seus filhos, a partir da infância.
"É necessário levar em conta a idade das pessoas", explicou o Papa, interrogado sobre o que diria aos pais que constatam orientações homossexuais nos seus filhos.
"Quando [a homossexualidade] se manifesta na infância, a psiquiatria pode desempenhar um papel importante para ajudar a perceber como as coisas são. Mas é outra coisa quando ocorre depois dos vinte anos", afirmou Jorge Bergoglio.
A palavra "psiquiatria" foi retirada do "verbatim" publicado hoje pelo serviço de imprensa do Vaticano, "para não alterar o pensamento do Papa", explicou à AFP uma porta-voz do Vaticano.
"Quando o Papa se refere à 'psiquiatria', é claro que ele faz isso como um exemplo que entra nas diferentes medidas que podem ser tomadas", explicou a mesma fonte.
"Mas, com essa palavra, ele não tinha a intenção de dizer que se tratava de uma doença psiquiátrica, mas que talvez fosse necessário ver como são as coisas a nível psicológico", acrescentou o porta-voz.
Ainda sobre o mesmo tema, questionado por um jornalista a bordo do voo entre a Irlanda e Roma sobre o que diria aos pais com filhos homossexuais, o representante máximo da Igreja Católica afirmou que lhes pediria “que rezem, que dialoguem e que entendam, mas que não condenem”.
O Papa defendeu que o “silêncio nunca será uma cura” porque, sublinhou, “ignorar um filho ou uma filha com tendências homossexuais revela falta de paternidade ou maternidade”. Ao invés, Francisco instou os pais a dar "espaço aos filhos e às filhas, para que se possam exprimir" e que "não os excluam da família". Já aos filhos, disse para pedir "ajuda, mas sempre com base no diálogo".
Não é a primeira vez que o Vaticano "retoca" declarações dadas pelo Papa nas tradicionais reuniões de imprensa que costuma dar ao voltar das suas viagens ao exterior.
Segundo a agência I.Media, especializada no Vaticano, a assessoria de comunicação da Santa Sé retirou, em 2007, uma frase inteira pronunciada por Bento XVI, sobre o monsenhor Oscar Romero, arcebispo de São Salvador, assassinado em 1980: "Não duvido que ele mereça ser beatificado, mas temos de considerar o contexto".
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