Em entrevista à Lusa, Heloísa Apolónia respondeu "claramente que não" à questão sobre se o país foi "tão longe quanto era possível e desejável", pois, por exemplo, "na ferrovia, era possível ter feito mais investimento no sentido de gerar melhor mobilidade ferroviária em Portugal, fundamental para a coesão do território, combate às alterações climáticas e mobilidade das populações".
"Muitas vezes, este Governo criou uma certa obsessão com o défice, foi muitas vezes mais papista que o papa, procurando fazer bonito para Bruxelas, mas pondo em causa investimento fundamental que era determinante fazer no país", disse.
Ainda assim, a deputada ecologista sublinhou "passos muito importantes naquilo que se refere
à promoção da qualidade de vida das pessoas e também na maior sustentabilidade do desenvolvimento do país".
"Houve condições na Assembleia da República para que isso pudesse acontecer, designadamente ao nível da reposição de rendimentos das famílias, no que concerne a salários, pensões, apoios sociais. Isso foi extraordinariamente importante. Também ao nível da sustentabilidade, acho que é de destacar a importância de medidas tomadas, designadamente com a iniciativa de ?Os Verdes' relativamente à floresta para procurar estancar as imensas monoculturas de eucalipto e também o conjunto de iniciativas que surgiram nesta casa relativamente à necessidade de redução das embalagens, designadamente do plástico", afirmou.
Heloísa Apolónia considerou "momentos baixos" na legislatura "aqueles em que o PS se colou à direita no sentido de não levar isto mais longe do que era possível, designadamente na questão da descentralização e da legislação laboral".
"Momento alto foi sempre que conseguimos conquistar mais alguma coisa para benefício do país, das populações e sustentabilidade do território. Sempre que demos passos nesse sentido, evidentemente foram momentos altos porque se demonstrou que é possível fazer diferente e ter políticas e fazer opções alternativas ao massacre das políticas que vinham sendo prosseguidas", disse.
Sobre a eventual repetição de entendimentos à esquerda para os próximos quatro anos, a parlamentar do PEV destaca que "há uma coisa que ficou muito clara para todos os portugueses nesta legislatura - o que determina as políticas neste país é a composição da Assembleia da República", pois "o centro da vida política centrou-se na Assembleia da República e isso é positivo porque é assim que deve ser".
"'Os Verdes' estão sempre disponíveis para votar as propostas que considerem positivas para o país e sua sustentabilidade. Todas as propostas, venham elas de onde vierem, terão o voto favorável de 'Os Verdes' e também a proatividade de 'Os Verdes' para apresentação de propostas. Todas as propostas, em qualquer circunstância, que nós consideremos que são negativas, votaremos contra", garantiu.
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