“O Brasil não participa de intervenção. Não é da nossa política externa intervir nos assuntos internos dos outros países”, declarou Mourão à imprensa brasileira, após ter assumido interinamente a Presidência do Brasil devido à viagem de Bolsonaro a Davos, na Suíça, para o Fórum Económico Mundial.
A declaração surgiu após Mourão ter sido confrontado com as palavras do Presidente norte-americano, Donald Trump, de que "todas as opções estão em cima da mesa”, não excluindo assim uma intervenção armada no país latino-americano.
O general ressaltou que os ministros da Defesa do Brasil e da Venezuela têm uma relação institucional, mas negou que o governo brasileiro esteja em contacto com militares venezuelanos.
No entanto, o Hamilton Mourão assumiu que, caso seja necessário, o Brasil poderá futuramente oferecer ajuda financeira para reconstruir o país vizinho.
"O apoio político é exatamente a decisão que foi tomada pelo Presidente. [Daremos] apoio económico, no futuro, caso seja necessário, para reconstruir o país", frisou.
O governante disse ainda que o país sul-americano está preparado para um possível aumento da entrada de refugiados por Roraima, estado brasileiro que faz fronteira com a Venezuela.
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, reconheceu hoje Juan Guaidó, Presidente da Assembleia Nacional venezuelana, como Presidente interino da Venezuela.
"O Brasil reconhece o senhor Juan Guaidó como Presidente Encarregado [interino] da Venezuela", escreveu na plataforma social Twitter o chefe de Estado brasileiro, atualmente em Davos, na Suíça, onde participa no Fórum Económico Mundial.
Na mensagem partilhada naquela plataforma, Bolsonaro disse que a entrada em funções por Guaidó está "de acordo com a Constituição daquele país".
"O Brasil apoiará, política e economicamente, o processo de transição para que a democracia e a paz social volte à Venezuela", concluiu Jair Bolsonaro, empossado no início do ano.
O chefe de Estado brasileiro já se tinha referido anteriormente ao Governo do Presidente Nicolás Maduro como um regime ditatorial. Por sua vez, o Presidente venezuelano afirmou que o seu homólogo brasileiro é um “Hitler dos tempos modernos”.
Juan Guaidó autoproclamou-se hoje Presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.
"Levantemos a mão: Hoje, 23 de janeiro, na minha condição de presidente da Assembleia Nacional e perante Deus todo-poderoso e a Constituição, juro assumir as competências do executivo nacional, como Presidente Encarregado da Venezuela, para conseguir o fim da usurpação [da Presidência da República], um Governo de transição e eleições livres", declarou.
O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 03 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.
Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela comunidade internacional.
Os Estados Unidos, o Canadá, a Organização dos Estados Americanos (OEA), o Brasil, a Colômbia, o Peru, o Paraguai, o Equador, o Chile e a Costa Rica também já reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela.
Até agora, só México e Bolívia anunciaram que se mantêm ao lado de Nicolás Maduro.
A Venezuela enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
Esta crise num país outrora rico, graças às suas reservas de petróleo, está a provocar carências alimentares e de medicamentos.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação deverá atingir 10.000.000% em 2019.
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