"É a decisão mais acertada, também considerando as pressões que foram feitas e a própria pressão social que existiu relativamente ao convite que tinha sido feito à Marine Le Pen" para participar na Web Summit, disse à agência Lusa a deputada e dirigente do BE Isabel Pires.
No entanto, "apesar de saudarmos esta decisão, a única incógnita que se mantém é de facto [que] o Governo e a Câmara Municipal de Lisboa não tiveram uma única palavra sobre o assunto e isso lamentamos", acrescentou.
Para Isabel Pires, "seria importante haver uma tomada de posição considerando que existem dinheiros públicos nesta organização".
A declaração do organizador retirando o convite a Marine Le Pen "denota que assumiram o erro e não tinham talvez noção da importância que teria este convite", referiu ainda a deputada do Bloco de Esquerda.
O presidente executivo da Web Summit, o irlandês Paddy Cosgrave, anunciou hoje, no Twitter, que decidiu retirar o convite à líder da extrema-direita francesa para estar presente em novembro na iniciativa, que vai realizar-se em Portugal pela terceira vez.
O convite para Marine Le Pen se deslocar a Lisboa para participar no evento tecnológico originou uma polémica, com a SOS Racismo a exigir, na segunda-feira, que as entidades ligadas à organização da Web Summit tomassem uma posição pública, seguida por posição semelhante do Bloco de Esquerda, na terça-feira.
Cosgrave reagiu num primeiro momento explicando a decisão e afirmando que se o Governo português pedisse, aceitaria retirar o convite.
Já hoje, o Ministério da Economia anunciou em comunicado que não tem intervenção na "seleção de oradores" do Web Summit e que valoriza a sua realização em Portugal, posição que Isabel Pires considerou insuficiente.
Numa série de ‘tweets’, Paddy Cosgrave explicou que a sua equipa, "com base nos conselhos" que recebeu e "na ampla reação ‘online’ ao longo da noite", concluiu que a presença de Le Pen "é desrespeitosa em particular para o país anfitrião" e "para alguns entre as dezenas de milhares de participantes" de todo o mundo que acorrem ao evento tecnológico e de inovação.
Cosgrave frisou que “a questão do ódio, liberdade de expressão e plataformas tecnológicas é decisiva em 2018”, pelo que a Web Summit “vai redobrar esforços para abordar esta difícil questão com mais cuidado”.
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