“Infelizmente, a tendência para o aumento do uso de armamento pesado pelas forças russas continua”, afirmou Zelensky nas suas contas nas redes sociais, após um ‘briefing’ com o comandante das Forças Armadas, Oleksandr Syrskyi.

Segundo o líder ucraniano, as forças de Kiev registaram hoje até às 16:00 locais (14:00 em Lisboa) “46 ataques russos em várias direções e 901 bombardeamentos, 448 dos quais com armamento pesado”, além da utilização de mais de 400 drones FPV.

A maior atividade de combate aconteceu na direção de Pokrov, no sudeste da Ucrânia, disse Zelensky, insistindo na acusação a Moscovo de não respeitar a sua própria trégua da Páscoa, anunciada no sábado pelo homólogo russo, Vladimir Putin.

“As palavras da Rússia sobre um cessar-fogo para a região [russa] de Kursk, Siversk e outras áreas em Donetsk [leste] continuaram a ser palavras vazias”, acrescentou, confirmando os dados de atividade militar entretanto divulgados pelo Exército.

De acordo com o Estado-Maior ucraniano, a Rússia lançou ataques de artilharia a partir do seu território contra as povoações de Miropilske e Turae na região de Sumy, no norte do país,

Foram também relatados ataques na direção de Limansk (sul), Kramatorsk, Orikhiv, Pokrovsk e Toretsk (leste).

Especificamente, em Pokrovsk, “existem atualmente elevados níveis de atividade inimiga”, segundo o balanço militar.

“Na direção de Toretsk, as nossas tropas caíram infelizmente numa emboscada russa. Alguns militares foram mortos. Os soldados russos responsáveis serão eliminados”, ameaçou Zelensky na sua mensagem.

Na região fronteiriça russa de Kursk, onde as forças ucranianas mantêm uma incursão desde agosto, embora a sua presença tenha sido significativamente reduzida, o Exército de Kiev registou 12 confrontos.

“O Exército ucraniano está a agir — e continuará a agir — de forma totalmente simétrica. Esta Páscoa demonstrou claramente que a única fonte desta guerra, e a razão pela qual se arrasta, é a Rússia”, declarou o Presidente ucraniano.

O balanço militar e a mensagem de Zelensky ocorreram num dia em que Kiev e Moscovo se criticaram mutuamente de violação da trégua pascal, em vigor desde a tarde de sábado até às 22:00 (hora de Lisboa) de hoje.

Do lado de Moscovo, o Ministério da Defesa já tinha relatado hoje tentativas mal sucedidas do Exército ucraniano de “atacar posições russas” nas zonas de Sukha Balka e Bagatyr, na região de Donetsk.

As autoridades russas indicaram ainda ações militares ucranianas contra as regiões fronteiriças russas de Bryansk, Kursk e Belgorod, nas quais “civis foram mortos ou feridos”.

No total, Moscovo acusou Kiev de bombardear posições russas 444 vezes com artilharia e 900 vezes com drones durante a última noite.

Na sua mensagem divulgada hoje, Volodymyr Zelensky reiterou disponibilidade para “caminhar em direção à paz e a um cessar-fogo total, incondicional e honesto que pode durar pelo menos 30 dias”, lamentando que “não houve qualquer resposta da Rússia até agora”.

Para o líder ucraniano, a situação na linha da frente mostra que “a pressão sobre Moscovo e a supervisão real das ações das forças de ocupação são necessárias” para que um cessar-fogo seja estabelecido.

A trégua pascal segue-se a declarações do Presidente norte-americano, Donald Trump, na sexta-feira, sugerindo que, se não houver progressos nas negociações indiretas com Moscovo e Kiev numa “questão de dias”, Washington poderá abandonar o processo de paz na Ucrânia.