António Conceição, de 57 anos, foi o escolhido para substituir o holandês Clarence Seedorf, despedido após a Taça das Nações Africanas (CAN2019), e traçou já como prioridade “alargar a observação de jogadores” e “sensibilizá-los para o projeto dos próximos anos”.
“A realidade dos Camarões é tentar ganhar a CAN – que já venceram por cinco vezes - e depois tentar chegar à fase final do campeonato do mundo, mas, para isso, temos que fazer a fase de qualificação”, disse o treinador.
Para voltar a colocar os Camarões, que foram ainda orientados entre 2004 e 2006 pelo português Artur Jorge, na linha da frente das seleções africanas, António Conceição pretende inverter os resultados recentes, nomeadamente a eliminação nos oitavos de final da CAN2019, já na próxima edição (CAN2020), para a qual aquela seleção está já qualificada como anfitriã.
“O importante para isso será sensibilizar o grupo de trabalho, mudar algumas formas de pensar, pois sabemos que a seleção tem tido alguns problemas, no passado, de logística e de condições, e é nesse sentido que vai incidir o nosso trabalho”, explicou António Conceição.
A primeira fase do trabalho do treinador português, que tem a sua estreia agendada para 12 de outubro, num particular frente à Tunísia, vai “incidir sobre a mentalidade dos jogadores, sensibilizá-los e potenciar as ideias e os caminhos que a seleção pretende traçar”.
“Ao mesmo tempo, fazemos um trabalho de seleção e observação de jogadores espalhados por esse mundo fora, principalmente na Europa, para poder trazer à seleção atletas que tenham a ambição de querer conquistar coisas”, adiantou.
António Conceição reconhece que, “às vezes, há alguma acomodação por parte dos atletas, sabendo que não há muitas alternativas, mas no caso dos Camarões não é bem assim, porque há muitas soluções, há um leque alargado de jogadores que podem fazer parte da seleção e há outros que ainda não foram detetados”.
Apesar de já a seleção já se encontrar apurada para a CAN2020, António Conceição vai aproveitar os jogos da fase de apuramento para tentar criar uma ideia da equipa, que pretende “consistente, bem sustentada e com ambição”, para poder enfrentar, depois, as situações com que se irá deparar na fase final da prova e no apuramento para o Mundial2022.
O treinador português, que pela primeira vez orienta uma seleção, reconhece que tem pela frente “uma tarefa que não é fácil”, mas, por outro lado, tem a “oportunidade de orientar uma das melhores seleções africanas”.
“Se se fizer uma avaliação aos jogadores que habitualmente compõem o lote dos convocados [dos Camarões}, eles estão a jogar nas melhores equipas da Europa. Em termos de qualidade de jogadores, ela existe”, assegura António Conceição.
O treinador português alerta ainda para outros aspetos fundamentais para um bom funcionamento da seleção camaronesa, como “um bom planeamento, uma boa organização ou uma boa logística, para que os jogadores se sintam bem” quando ao seu serviço.
“Tudo isto faz parte e é nisso que temos que incidir. Procurar sensibilizar as pessoas que estão à frente da seleção no sentido de dar condições aos jogadores, para que eles venham com sentimento, alma e com ambição de procurar injetar a seleção o que já teve nos tempos de Roger Milla e Samuel Eto’o”, disse.
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