A noite de ontem não foi quente e tensa apenas em Guimarães. No domingo, antes do encontro entre os rivais minhotos da 23.ª jornada da I Liga, que terminou com a vitória bracarense por 5-0, a Polícia de Segurança Pública (PSP) intercetou 52 adeptos afetos ao Sporting de Braga, por envolvimento em agressões que resultaram em oito feridos. E a Liga já avisou que estava a investigar.
A mais de 7.000 quilómetros de distância, no Brasil, o encontro entre o Esporte Clube Vitória e o Esporte Clube Bahia, a contar para o Campeonato Baiano, acabou com nove expulsões e foi igualmente marcado por “várias trocas de mimos” entre rivais — só que aqui foram no relvado, fora dele e nas bancadas.
E assim reza a história do primeiro Ba-Vi do ano — abreviatura pelo qual se traduz o clássico de futebol que opõe os principais clubes de futebol quer da cidade de Salvador, quer do Estado da Bahia. O jogo teve lugar no Estádio Manoel Barradas, popularmente conhecido pelo "Barradão", casa do Vitória.
A partida começou com os baianos (os dos Bahia) a apostar num bloco avançado subido e fazer pressão alta sobre o adversário. No entanto, com o passar dos minutos, o Vitória foi equilibrando o tabuleiro do jogo e abriu o marcador aos 33’, por intermédio de Denilson.
Em resposta, isolado e sozinho dentro da área, Edigar Junior, avançado dos visitantes, acabou por protagonizar um falhanço daqueles que ficará para a posteridade. Ainda assim, no recomeço do encontro, já na segunda-parte, a turma orientada por Guto Ferreira chegou ao empate através da marcação de uma grande penalidade. Vinicius bateu, a rede balançou e placard mexeu. Vitória 1, Bahia 1. E foi aí que o caldo ficou entornado.
Recorde-se que este jogo tinha sido escolhido para celebrar um bom ambiente e que durante toda a semana que antecedeu ao clássico Ba-Vi, tanto as autoridades do Estado, como os dirigentes dos dois clubes, pediram que o duelo fosse "de paz, dentro e fora de campo".
Depois do tento que resultou no empate, instalou-se uma confusão geral total, desencadeada pela comemoração do médio brasileiro, de 26 anos. Tudo somado, o resultado deste arrufo terminou com sete atletas expulsos — aos quais se iriam juntar, mais tarde, mais dois.
Ao que se pode apurar na imprensa do Brasil, Vinicius mandou uma dancinha em jeito de provocação. Os jogadores adversários, obviamente, não gostaram. E lá se foi a paz. Tanto assim foi que acabaram por se envolver numa pancadaria envolta em punhos cerrados e empurrões.
O primeiro a demonstrar o seu desagrado com o médio foi o guarda-redes Fernando Miguel. O goleiro correu na direção do autor do golo — que estava atrás da baliza — e puxo-o pela camisola. De seguida, escalou-se o "efeito bola de neve": os outros viram e também quiserem um "pedacinho" do médio do Bahia — que o diga o defesa Kanu que desferiu um soco em cheio na cara de Vinicius.
Em suma, 3 jogadores do Bahia e 2 do Vitória foram prontamente tomar um duche mais cedo que os demais artistas.
O jogo terminou quando Bruno Bispo foi expulso. Faltavam 13 minutos para o término do clássico. E este teve o seu fim porque um colega de Bispo recebeu ordem para sair e este pontapeou o esférico, revoltado e em protesto. Já tinha sido admoestado com um, pelo que ao segundo foi para o chuveiro fazer companhia aos colegas — em abono da verdade, foram todos aqueles que estavam em campo porque o encontro terminou nesse momento.
É a tal matemática simples das regras do futebol: amarelo + amarelo = a vermelho. Foi o nono no jogo e o quinto para o Vitória. Foi o fim. Ditam as regras que uma equipa para disputar o resultado, tem de ter, pelo menos, sete elementos em campo. E só estavam seis. Não havendo condições mínimas para continuar, o senhor juiz soprou no seu apito para que os jogadores recolhessem para os balneários. Sem que estivessem totalizados os 90 minutos.
Escreve o Esporte que este foi o primeiro Ba-Vi, dos últimos seis disputados, em que o Ministério Público permitiu que as duas claques fossem em simultâneo ao Barradão ver o encontro ao vivo. E, cá fora, antes mesmo do apito inicial, existiram altercações entre os adeptos — e 13 pessoas foram detidas.
Guto Ferreira, timoneiro do Bahia, admite o erro do seu atleta, mas considera que os jogadores adversários pioraram a situação ao tomar aquela atitude.
"Um erro não justifica o outro", disse Guto, citando o jornal brasileiro desportivo. "Até porque ele não ofendeu nenhum jogador. Ele comemorou simplesmente, como eles [Vitória] comemoraram quando fizeram o golo. Se for assim, que se proíba as comemorações do futebol”, concluiu.
Do lado contrário, do Bahia, (ou Esquadrão do Aço), o avançado Kayke, lamentou o ocorrido e espera que a situação tenha servido de aprendizagem para jogos que venham a decorrer no futuro.
"Ficou feio para todas as equipas. Viemos para jogar, somos profissionais e não jogámos até o fim. Ficamos tristes pelo episódio lamentável e esperamos que isto sirva de lição para todo mundo”, disse o jogador, citando o Gazeta Esportiva.
O Tribunal do Desporto brasileiro vai agora decidir se atua ou não disciplinarmente e se o resultado continua sem sofrer alterações, isto é, a derrota do Vitória SC. Se for tido em conta o Regulamento Geral de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Bahia irá arrecadar uma vitória por 3-0.
Comentários