Arthur Hanse, em esqui alpino, e Kequyen Lam, em esqui de fundo, são os lusos presentes na competição, que vai ser disputada entre sexta-feira e 25 de fevereiro e para a qual Portugal conseguiu, pela primeira vez, qualificar atletas de duas modalidades.
“A nossa expectativa passa por representarmos com dignidade o nosso país. No caso do Arthur, queremos melhorar os resultados. Ficar na metade superior da tabela será sempre muito positivo”, sublinhou, em declarações à agência Lusa, o também presidente da Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP), com sede na Covilhã.
Em Turim2006 e Vancouver2010, Dany Silva já tinha representado as cores nacionais nos 15 quilómetros de esqui de fundo [cross-country], pelo que o objetivo traçado para Kequyen Lam, que se estreia em Jogos Olímpicos, é melhorar o 93.º lugar alcançado na cidade italiana [no Canadá foi 95.º, o último entre os classificados].
“A nossa expectativa é melhorar em muito esse lugar. Creio que não vai ser difícil, porque as prestações do Kequyen dão-nos certezas de que teremos resultados muito melhores”, vincou Pedro Farromba.
Apesar do otimismo, o dirigente sublinhou os condicionalismos dos atletas portugueses, que só em julho último integraram o programa de preparação olímpica, embora acentue que é a primeira vez que é dado esse apoio, já que até agora eram os atletas que competiam às suas custas.
“As nossas ambições são do tamanho das nossas pernas, não são do tamanho dos nossos sonhos, porque nesse caso seriam muito maiores. Temos de ter a noção do país que temos, das condições que temos, e das condições que demos a estes atletas para se prepararem. Tudo isso são questões que influenciam toda a qualificação e a prestação dos atletas”, vincou.
Portugal é um país sem dias de neve suficientes para quem quer treinar a este nível e a aposta tem sido procurar talentos portugueses ou lusodescendentes em países em zonas com tradição em desportos de inverno, como são exemplos Arthur Hanse e Kequyen Lam.
Hanse nasceu em Paris e vive em França, enquanto Kequyen Lam é natural de Macau e residente no Canadá. Perto da qualificação estiveram também Hugo Alves, residente no Japão, no luge, e Christian Oliveira, luso-australiano de 18 anos a residir nos Estados Unidos da América, no snowboard.
“Obviamente seria mais fácil se fossem modalidades com a possibilidade de poderem ser praticadas em Portugal o ano todo. Não é assim. Então temos de encontrar os melhores portugueses que vivem noutras paragens, com mais neve”, referiu Farromba.
Portugal teve dez atletas na preparação olímpica para os Jogos de Inverno Pyeongchang2018. Em Sochi2014, Portugal contou com Arthur Hanse e Camille Dias, também atleta de esqui alpino e igualmente residente no estrangeiro.
O presidente da FDIP recordou que há atletas portugueses “em quase todas as disciplinas olímpicas”, apesar de aposta ter passado por presenças no snowboard, no luge, no esqui e no esqui de fundo.
“No curling temos uma equipa de portugueses na Suíça, no hóquei no gelo temos uma equipa cá a praticar, na patinagem, nas danças, temos uma miúda em Andorra muito boa”, explicou.
Por isso, o dirigente considera “previsível e expectável que nos próximos Jogos Olímpicos a comitiva aumente substancialmente”, tendo em conta alguns jovens talentos em formação que têm obtido bons resultados, como é o caso de Vanina Guerillot de Oliveira, esquiadora de 15 anos, que há poucos dias subiu por três vezes ao pódio no Troféu Borrufa.
Pedro Farromba alertou para as temperaturas muito baixas em PyeongChang, uma adversidade para todos, mas mostrou-se satisfeito com as características da pista de slalom, “situada numa vertente bastante inclinada, no meio de árvores, dentro daquilo a que o Arthur está habituado”. Quanto a Kequyen, vai competir com os atletas com quem está habituado a correr nas provas do Campeonato do mundo.
A representação portuguesa vai ser apresentada oficialmente na sede do Comité Olímpico de Portugal (COP), em Lisboa, na segunda-feira, no mesmo dia em que parte para a Coreia do Sul.
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