O Rali de Portugal "é um evento desportivo de reconhecido impacto, inevitavelmente acompanhado de um número significativo de adeptos que, não obstante as restrições, estarão dispostos a correr riscos de saúde e legais para poder assistir ao evento", admitiu a DGS.
No documento, que autoriza a realização da etapa portuguesa do Mundial de ralis, entre 21 e 23 de maio, em vários concelhos do centro e norte do país, as autoridades de saúde defendem a aplicação do "princípio da precaução", para o "melhor interesse da saúde pública".
"A organização deve sensibilizar a população para o risco que a presença de público configura no contexto atual. Assim, deve ser assegurada a articulação com as forças de segurança territorialmente competentes para que seja realizado o necessário controlo de aproximação de público às zonas limítrofes da competição desportiva. A organização deve encetar todos os esforços para evitar e dissuadir a presença de público, de forma não controlada", lê-se ainda no parecer.
Este documento alude ao plano de atividade de contingência, apresentado pela organização do Rali de Portugal, que contempla "medidas mitigadoras do risco, considerando zonas específicas para acesso ao público, controladas por membros da organização e forças de segurança".
Nesse sentido, a DGS defende que "a ocupação dos locais do evento, no que concerne à alocação de pessoas, deve garantir o cumprimento do distanciamento físico de cerca de dois metros entre pessoas em todos os momentos", associada a outras medidas de contenção do novo coronavírus, como o "uso correto e permanente de máscara".
"A imprevisibilidade da evolução epidemiológica da covid-19 implica uma avaliação de risco contínua e, de acordo com o nível de risco apurado, a reavaliação das medidas implementadas, bem como o seu cumprimento", reconheceu a DGS, salientando que a modalidade automobilística de ralis está classificada de baixo risco de transmissão do novo coronavírus.
O parecer advertiu ainda que "qualquer evento, incluindo competições desportivas, em modelo presencial constitui, no contexto da situação epidemiológica atual, um risco acrescido para a saúde pública", admitindo que, "independentemente do cumprimento integral de todas as medidas de saúde pública preconizadas, o risco de transmissão de infeção por SARS-CoV-2 durante a competição desportiva é real e não pode ser anulado".
"É fundamental que todos aqueles que que pretendem realizar competições desportivas na atual fase ativa da pandemia, ainda que nos limites do enquadramento legal, ponderem o risco a que se estão a submeter, assim como aos demais participantes", acrescentou a DGS, preconizando a testagem regular de todos os intervenientes na competição desportiva.
O Rali de Portugal vai ser disputado entre 21 e 23 de maio, na zona centro, com classificativas em Coimbra, Lousã, Góis e Arganil, e norte, em Lousada, Paredes, Mortágua, Vieira do Minho, Cabeceiras de Basto, Amarante, Porto, Felgueiras, Montim, Fafe e Matosinhos.
Desde a declaração de pandemia de covid-19, a maioria dos eventos desportivos, mesmo os que são realizados ao ar livre, têm decorrido sem espetadores.
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