Em conferência de imprensa, Jesper Moeller, presidente da Federação Dinamarquesa de Futebol (DBU), fez saber que a sua associação não vai apoiar Gianni Infantino, atual presidente da FIFA, na sua reeleição, a decorrer em 2023.
"Só há um candidato e temos de ver se há outro, ainda há tempo. Mas a Dinamarca não vai apoiar o atual presidente", disse Moeller, citado pela agência Reuters, sobre o italo-suíço.
A situação entre a FIFA e algumas das federações europeias tem sido particularmente tensa nos meses de antevisão ao Mundial2022, mas agravou-se substancialmente quando a instância desportiva ameaçou aplicar sanções disciplinares aos capitães de equipa — a começar com cartões amarelos — que optassem por envergar as braçadeiras "OneLove", como sinal de apoio aos direitos LGBTQI+.
Tal ameaça levou as seleções de Inglaterra, País de Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Países Baixos e Suíça a anunciar em comunicado conjunto esta segunda-feira que não iriam usar as braçadeiras nos jogos do Mundial, como inicialmente programado.
"Esta situação é extraordinária. Não estou só desapontado, estou zangado. Esta é a minha sétima fase final... Ter os jogadores expostos a isto é completamente inaceitável. Temos de responder", disse Moeller.
O presidente da federação dinamarquesa, que também é membro do comité executivo da UEFA, sugeriu ainda uma potencial saída da Dinamarca da FIFA, se bem que antevendo "desafios" a tal procedimento.
"Já pensei nisso outra vez. Imagino que haja desafios se a Dinamarca saia sozinha. Mas vamos ver se há diálogo", anteviu, segundo a Associated Press, frisando, porém, que está a considerar associar-se a outros países para uma oposição conjunta. A Alemanha, por exemplo, é outro dos países em oposição, pretendendo enfrentar a a FIFA no Tribunal Arbitral do Desporto devido a este caso.
O CEO da DBU, Jakob Jensen, disse na mesma conferência de imprensa que a federação dinamarquesa já tinha comunicado à FIFA ainda antes do torneio que pretendia que os seus jogadores usassem esta braçadeira.
A Dinamarca tem sido um dos países mais publicamente críticos da FIFA e da decisão de organizar o Mundial no Qatar, tendo, em conjunto com outras federações escandinavas, visitado o Qatar nos meses antes da competição para consciencializar o público não só da situação em que se encontraram os trabalhadores migrantes a trabalhar no estádios, mas também quando ao histórico dos direitos LGBTQI+ no país.
Em relação a este caso, o empate entre a Tunísia e a Dinamarca a zero ficou marcado pela presença da ex-primeira-ministra dinamarquesa, Helle Thorning-Schmidt, que utilizou um vestido com as cotoveleiras com as cores do arco-íris, numa outra mostra de oposição à posição da FIFA quanto a demonstrações públicas de apoio LGBTQI+.
Em setembro, a Dinamarca, em colaboração com a Hummel, marca desportiva e patrocinadora da seleção, concebeu os equipamentos para este Mundial de forma a que os símbolos, tanto da federação, como da própria marca, sejam pouco visíveis em sinal de protesto.
Infantino, por sua parte, lançou farpas às federações mais críticas do Mundial2022 no Qatar numa conferência de imprensa de antevisão, considerando-as "hipócritas". "Pelo que nós, europeus, fizemos nos últimos 3.000 anos, devemo-nos desculpar pelos próximos 3.000 anos antes de dar lições morais aos outros. Estas lições morais são apenas hipocrisia", vincou o presidente da FIFA.
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