O atleta, que ficou paraplégico num acidente de trabalho em 2004, é atualmente o melhor jogador nacional de ténis adaptado e um dos trunfos da seleção portuguesa no torneio europeu de apuramento para o Mundial, que decorre até sábado na Academia de Ténis de Vilamoura, no Algarve.
Por estes dias, a academia recebe 65 atletas de cadeiras de rodas, oriundos de 12 países, que nas horas livres aproveitam os corredores de mobilidade existentes em Vilamoura para passearem, havendo mesmo quem prescinda do transporte nos autocarros para se deslocar entre o hotel e o local do torneio.
“Ao princípio pensamos que o ténis é um bocado duro, porque tem muita ténica”, contou o atleta à Lusa, confessando que praticou arduamente até chegar ao nível em que se encontra agora, depois de se ter apaixonado pela modalidade, que começou a jogar dois anos após o acidente, com um amigo.
Jean Paul, que foi campeão nacional de ténis em cadeira de rodas nos últimos dois anos, considera mesmo que as pessoas com deficiência não devem sentir-se limitadas e lança o apelo para que “não fiquem em casa” e procurem praticar desporto, pela qualidade de vida e para evitar o isolamento.
O juiz-árbitro do encontro, Paulo Oliveira, que já desempenhou iguais funções no Estoril Open, no Porto Open, no Brazil Open e no Vale do Lobo Grand Champions, disse estar “incrédulo” com o nível de qualidade dos jogadores.
“Com as limitações que eles têm e o que eles conseguem fazer no campo transformou completamente a minha visão em relação a este tipo de eventos”, confessou à Lusa.
Pedro Frazão, organizador do evento, também considera que o torneio, que pela primeira vez se disputa em Portugal, tem sido “uma lição de vida”, apontando a logística como um dos principais desafios para a organização do evento.
“Um dos nossos pontos fortes em Vilamoura é que é uma cidade acessível, o próprio clube [academia] também , não há degraus, o que facilita bastante a nossa tarefa”, sublinhou.
Outro dos quatro atletas a disputarem a qualificação europeia para o Mundial é Carlos Leitão, sete vezes campeão nacional e que ficou paraplégico na sequência de um acidente de viação em 1995.
“Queríamos mais atletas [com deficiência] em Portugal a praticar desporto, infelizmente há muito poucos”, refere o atleta de Pombal, Leiria, observando também que existem poucos apoios para a modalidade.
Para tentar cativar mais jogadores, o presidente da Federação Portuguesa de Ténis (FPT), Vasco Costa, tem para este ano um plano de aquisição de um conjunto de cadeiras de rodas adaptadas ao ténis para distribuir por vários clubes em Portugal.
Segundo aquele responsável, uma cadeira de rodas para começar a praticar pode custar entre 800 e 1.000 euros, mas o preço de uma de competição pode oscilar entre os 3.000 e os 12.000 euros.
O selecionador nacional, Joaquim Nunes, reconhece que o ténis em cadeira de rodas tem pouca expressão em Portugal e considera que é preciso cativar as pessoas com limitações a praticarem desporto.
“São apenas 14, 15 jogadores que habitualmente praticam a modalidade e a fazer competição oito jogadores”, sublinhou, lembrando que já houve duas mulheres praticantes de um desporto que, atualmente, em Portugal, envolve apenas homens.
A fase de qualificação europeia do campeonato do mundo de equipas de ténis em cadeira de rodas, organizada pela FPT e pela Premier Sports, termina no sábado.
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