Há dois anos Nick Kyrgios, então com 19, já despertava o interesse na cena do ténis mundial. O seu talento, aliado ao carisma e estilo extravagante e irreverente não passavam despercebidos no circuito mundial. Por essa altura o Estoril Open, antigo Portugal Open, passava por uma fase de reestruturação. O posicionamento do torneio português – o único que integra o circuito mundial – é simples. Captar estrelas proeminentes do circuito mundial, aliado a um naipe de jogadores do top-20 mundial. E o perfil do australiano encaixava como uma luva nas pretensões de João Zilhão, diretor desportivo do torneio.
De então para cá, Kyrgios não apenas se está a confirmar um nome consistente no circuito, como tem sido como que um embaixador da prova. Ele é a cara do renovado Estoril Open e também por isso repete, a partir de 29 de Abril e até 7 de Maio, a sua participação no certame.
Finalista vencido em 2015 e semi-finalista em 2016, o australiano apenas é batido pela popularidade de João Sousa, o anfitrião e a grande esperança dos portugueses verem pela primeira vez um tenista nacional vencer a principal prova de ténis do país. Sousa, 36 da hierarquia mundial, até atravessa um bom momento de forma depois de ter ajudado Portugal a vencer a Ucrânia e a qualificar a equipa para o play-off de acesso do Grupo Mundial da Taça Davis, no entanto, o Estoril Open tem sido um fantasma a assombrar o luso, onde tem sido eliminado precocemente, como aconteceu em 2016, na segunda ronda, diante Nicolas Almagro, que se tornaria campeão do torneio.
A melhor participação portuguesa continua a ser a de Frederico Gil, finalista vencido em 2010. Certa é a presença de Gastão Elias, que recebeu o primeiro Wild Card da prova e que garante duas presenças portuguesas no quadro principal, poucos dias depois de ter sido finalista vencido no Challange de Barletta. É, contudo, muito prematuro colocar as expectativas portuguesas muito altas neste torneio, até porque, garante João Zilhão, diretor da competição, “este é o melhor cartaz de sempre”.
Espanha volta a ser o país estrangeiro mais representado na prova, com cinco tenistas, seguido da Argentina (quatro), França e Portugal (dois). Dos 28 tenistas, de doze países diferentes, que integram o quadro principal, 19 têm entrada directa, estando as restantes vagas reservadas a quatro jogadores que transitam dos qualifyers, três Wild Cards e, eventualmente, dois Special Exempts.
Kyrgios e Cerraño Busta, mas não só
O australiano Nick Kyrgios (15º e finalista vencido em 2015) e o espanhol Pablo Cerraño Busta (19º e finalista vencido o ano passado) são os dois representantes, este ano, do top-20 mundial. Mas há outros motivos de muito interesse, à cabeça com a participação de Juan Martin Del Potro, vencedor da prova em 2011 e 2012. O argentino, antigo número 4 mundial e actualmente na 34º posição, é um dos tenistas mais populares em Portugal e desde que recuperou das lesões que o atormentaram nos últimos anos tem sido intermitente, escolhendo criteriosamente os torneios em que participa, no sentido de proteger a sua condição física. O ponto mais alto foi a vitória no torneio de Estocolmo (o seu 19º título no circuito), o ano passado, e a Medalha de Prata conquistada nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O regresso da Torre de Tendil vai, por certo, ajudar a dar visibilidade internacional à prova. Essa é, pelo menos, a expectativa de João Zilhão, que confirmou ter levado seis meses de negociações para trazer novamente o argentino a Portugal.
Mas há ainda os franceses Richard Gasquet (22º e vencedor em 2015) e Benoit Paire (40º), os espanhóis Nicolas Almagro (57º e vencedor no ano passado) e Tommy Robredo (57º, ranking protegido) e os argentinos Carlos Berlocq (66º e vencedor em 2014) e Juan Mónaco. O uzbeque Denis Istomin (72º) e o proeminente Kyle Edmund (45º) são outros jogadores a seguir de perto nesta prova.
O britânico, 22 anos de idade, nascido em África do Sul, é jogador que procura confirmar no Estoril o talento que se lhe reconhece. Campeão juvenil de duplas de Wimbledon, em 2012, e Roland Garros, em 2013, saltou para a ribalta em 2015 quando ajudou a Grã Bretanha a vencer a Bélgica, representada por David Goffin, então número 16 do mundo. À procura ainda do primeiro título ATP, o tenista é outro representante da nova geração, como aconteceu o ano passado também com Borna Coric. Este ano vai tentar fazer melhor do que a segunda ronda alcançada no Estoril em 2016. Com um bom jogo de serviço, procura ainda evoluir em outras componentes de jogo, e é altamente improvável que figure como um finalista, ainda que seja olhado como um súbdito de Andy Murray.
As primeiras bolas começarão a ser jogadas na segunda-feira, com uma qualificação que contará com cinco jogadores do top-100. Com um perfil perfeitamente definido, o Estoril Open quer não apenas reforçar a condição de grande competição nacional mas também ganhar crédito além-fronteiras. O espectáculo vai começar, por isso façam as vossas apostas.
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Seja em terra batida, relva ou hard courts, André Dias Pereira é a voz do Fair Play no mundo do ténis.
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