Enquanto aguarda para ter acesso ao estádio e poder dizer adeus ao ‘rei’, João Correia, de 64 anos, contou à agência Lusa que chegou ao local perto das 03:00 locais (06:00 em Lisboa) de hoje para participar da despedida.
“Eu cheguei às 03:00 e nós, pelas informações, sabíamos que ia ter mais ou menos um milhão de pessoas nesses dois dias para se despedir do ‘rei’ do futebol”, afirmou.
O adepto referiu que chegou a ver Pelé jogar ao vivo e lembrou alguns momentos inesquecíveis.
"Eu vi o Pelé jogar desde 1967 até 1974 e eu conheci ele aqui na Vila Belmiro, num evento, em 2014 (…) Um dos principais jogos que eu presenciei foi no Pacaembu, num domingo. O Santos estava a perder 2-0 com a Portuguesa e venceu por 3-2, inclusive ele fez o terceiro golo da virada. Um golaço. Tinha 75.000 pessoas no Pacaembu”, acrescentou.
Adepto do Santos, João Correia disse que a “magia do futebol do Pelé é imensa.”
Já, João Batista Caixeta, de 65 anos, que também espera para se despedir, contou que tinha 12 anos quando viu Pelé jogar.
“Foi na Copa [Mundial] de 1970, na minha casa não tinha televisão e juntava os coleguinhas e eu na casa de quem tinha televisão. Então eu lembro perfeitamente disso. Não entendia muito futebol, mas eu lembro que vi o Pelé a jogar pela televisão”, ressaltou.
Apesar de não ser adepto do Santos, João Batista Caixeta fez questão de se despedir do antigo futebolista, que morreu na quinta-feira, aos 82 anos, no hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, na sequência da “falência de múltiplos órgãos, resultado da progressão do cancro do cólon associado à sua condição clínica prévia”.
“Não sou torcedor santista, mas eu sou um admirador do bom futebol (...) Estou aqui desde às 19:00 de ontem [de domingo]”, completou.
Adepto do Corinthians, equipa de São Paulo rival do Santos de Pelé, Marcos Ribeira, de 47 anos, viajou da cidade de Curitiba, no estado do Paraná, no sul do Brasil, conduzindo durante cerca de 500 quilómetros e mais de oito horas.
“Decidi vir ao velório do Pelé porque ele representa o nosso maior orgulho nacional, não somente nacional, mas mundial também, reconhecido pelo seu talento no futebol. Mas enquanto pessoa também sou corinthiano. Estou com camisola do Corinthians aqui, mas com todo respeito à nação santista”, declarou.
“Uma das maiores coisas que Pelé ensinou foi isso, a questão do respeito, a questão da alegria do futebol. E isso não é rivalidade, não é violência, não é nada disso não. Futebol é união então nós estamos aqui nesse momento para prestigiar, para prestar nossa homenagem ao rei do futebol, que era, acima de tudo, um brasileiro negro”, acrescentou.
Vestido com a camisola ‘canarinha’ de Pelé e ostentando uma taça, António da Paz, de 67 anos, foi um dos primeiros a chegar ao estádio.
“Cheguei no domingo às 11:00 e estou hoje aqui na segunda-feira para ser o primeiro da fila e fazer o meu reconhecimento ao rei do futebol. Pelé é uma referência no mundo (…) Nunca você vai ver um jogador que nem [como o] Pelé. Pelé deixou saudade. Pelé foi embora. Edson Arantes do Nascimento foi embora, mas o nome Pelé vai ficar no Brasil para sempre”, concluiu.
A entrada no estádio será permitida até às 10:00 de terça-feira (13:00 em Lisboa), altura em que sairá do recinto uma procissão que percorrerá as ruas de Santos, cidade localizada a 75 quilómetros de São Paulo, antes do enterro de Pelé, reservado à família.
O cortejo fúnebre passará em frente à casa da mãe centenária de Pelé, Celestes Arantes, que não foi informada da morte do filho, de acordo com Maria Lúcia do Nascimento, uma das irmãs do antigo futebolista.
Pelé estava internado desde o dia 29 de novembro no naquele hospital para tratamento de quimioterapia a um tumor no cólon e tratamento de infeção respiratória, e o seu estado de saúde agravou-se.
Pelé, nascido a 23 de outubro de 1940 na cidade Três Corações, em Minas Gerais, foi o único futebolista três vezes campeão do mundo, em 1958, 1962 e 1970, marcou 77 golos nas 92 internacionalizações pela seleção brasileira e jogou pelo clube brasileiro Santos e pelo Cosmos, dos Estados Unidos.
Foi ainda ministro do Desporto no governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 1998, e eleito o desportista do século pelo Comité Olímpico internacional (1999) e futebolista do século pela FIFA (2000).
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