Os ‘lobos’ são “o protagonista” da obra que é apresentada hoje, na Tribuna de Honra do Estádio Nacional, em Oeiras, mas que é “uma história contada pelos olhos” do autor, que liderou o grupo até à histórica vitória sobre as Fiji (24-23) no Mundial França2023.
“Foi um processo comprido, duro, muito exigente. Mas o grande objetivo deste livro é passar um bocadinho da nossa história e os princípios que trouxemos do râguebi para a vida”, explicou Tomás Appleton à agência Lusa.
O livro “Vencer Conta a Corrente", apesar de “bastante focado na parte desportiva”, aborda, também, as “limitações” sentidas por Appleton “enquanto estudante de medicina, médico dentista, pai e marido”.
“O desporto de alto rendimento tira-nos muito tempo e, às vezes, este balanço entre as várias áreas da nossa vida torna-se difícil. E a verdade é que tive de fazer muitos sacrifícios”, vincou o centro do CDUL e da seleção portuguesa.
A obra relata alguns exemplos pessoais, como o nascimento da própria filha, que estava previsto para “um dia antes” de um jogo de teste importante contra o Japão, mas conta também com depoimentos de outros elementos do grupo que fez história no último Mundial ou até que ficaram de fora porque tiveram de fazer essa escolha.
“O Duarte Diniz deu um testemunho sobre o que é conciliar a vida profissional com o desporto de alto rendimento. Ou mesmo o Jorge Abecasis, que falou sobre o facto de ter de escolher entre uma carreira médica e uma carreira no râguebi de alto rendimento”, exemplificou o autor.
Num plano mais pessoal, "Vencer Contra a Corrente" relata vários momentos vividos por Tomás Appleton que explicam “como é que o râguebi entrou” na sua vida, quem é “enquanto pessoa” e o percurso que o levou “até a capitão da seleção” nacional.
Entre eles, o internacional português destaca a sua estreia na seleção de râguebi ‘sevens’, a variante olímpica da modalidade, que exemplifica o “contraste” entre o momento que vive hoje na seleção portuguesa e o ponto em que estava nessa altura, quando “ainda era sub-20”.
“As coisas não me correram especialmente bem. Fui criticado arduamente pelo treinador da seleção, na altura, e hoje em dia percebo essa crítica, que também me trouxe alguma resiliência. Mas não foi propriamente uma estreia de sonho”, confessou à agência Lusa.
Também por isso, Appleton afirma que o título do livro, ‘Vencer Contra a Corrente’ está “muito associado ao que é Portugal” e à capacidade de “dar a volta por cima” quando “poucos acreditavam”.
Tanto no triunfo contra as Fiji, em pleno Mundial, como no empate com os Estados Unidos (16-16), que assegurou o apuramento, Portugal “não era favorito” e “a verdade é que conseguiu vencer contra a corrente”, pelo que este era, para Appleton, “o título que fazia todo o sentido”.
“Fomos capazes de dar a volta por cima, continuámos, acreditámos muito, muito, muito em nós, construímos um processo, uma equipa e um grupo muito sólido em volta deste acreditar. E vencer contra a corrente foi exatamente o que fizemos. Nós não éramos favoritos, nunca o fomos, e a verdade é que conseguimos”, argumentou o capitão da seleção portuguesa.
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