Claro que Klopp já barafustou relativamente ao calendário apertado, nomeadamente em relação jogo com o Aston Villa para a Carabao Cup (Taça da Liga), um dia antes do encontro das meias-finais do Campeonato do Mundo de Clubes a disputar no Qatar. Uma nota para o facto de serem os Sub-23 do Liverpool e respectivo treinador a enfrentar o Aston Villa nesse dia e não a equipa sénior do Liverpool que estará já no Qatar. Mas depois da polémica e do desabafo, para que fique registado e a liga possa alterar o cenário competitivo, Klopp foca-se na sua equipa, nos obstáculos que terá pela frente e na melhor forma de os ultrapassar. Que obstáculos são esses?
O empate frente ao Nápoles
Teria sido fundamental para o Liverpool ter vencido o passado jogo de quarta-feira, dia 27, frente ao Nápoles, a contar para a Liga dos Campeões. Não porque o empate a uma bola coloque a sua passagem à fase a eliminar em risco, mas porque com o calendário de jogos tão sufocante que se avizinha, qualquer oportunidade para descansar jogadores, quer de noventa minutos de jogo, quer de uma viagem a Salzburg, teria sido muito importante.
Assim, não o jogo com a equipa austríaca da Red Bull terá uma pressão adicional, já que o Liverpool não pode, propriamente, perder - apenas o empate ou a vitória lhe dão passagem garantida, e uma derrota levará a ter que esperar que o Napoli também perca. De lembrar que o o Nápoles joga em casa frente ao Genk, que ainda só amealhou um empate em toda a competição, curiosamente frente aos italianos.
Fadiga e possíveis lesões
Não vamos criar fantasmas onde eles não existem. Contudo, ainda assim, há que referir que esta equipa anda em rotação altamente elevada há dois anos. Raros foram os jogos em que os Reds geriram claramente o esforço. Será com toda a certeza grande mérito do trabalho da equipa técnica de Klopp, e do próprio Liverpool, que encontraram a fórmula certa e têm aplicado os melhores métodos científicos ao serviço da preparação física dos seus atletas.
Contudo, existem as lesões. Veja-se o exemplo. Um lance que aparentemente não trazia perigo para a integridade física de Fabinho, mas que acabou com o choque entre o mesmo e um jogador no Napoli, resultando numa lesão no tornozelo que o fará parar, estima-se, entre quatro a seis semanas. Não só a lesão é um fator de preocupação mas, mais que isso, a saída de brasileiro do campo mudou o jogo.
O Liverpool perdeu um pouco as rédeas da partida, concedeu um golo poucos minutos depois, e não se voltou a encontrar. Os acidentes, como a fadiga muscular, poderão ter um papel importante no desenrolar do mês e será interessante ver como a equipa reagirá a toda a intensidade do período natalício.
A equipa a abater
Os Reds apresentam uma única derrota esta época, frente ao Napoli, fora, a contar para a Liga dos Campeões. O sucesso do Liverpool e a sua invencibilidade na Premier League trazem, não só elogios, como uma sede enorme por parte de quem os defronta de fazer as manchetes no dia seguinte como o clube que finalmente dobrou a máquina de jogar futebol que é a equipa de Klopp. E se há mês propício a tal é o de dezembro, mais uma vez pela carga de jogos e viagens a que a equipa será sujeita. Se tal acontecesse, quem poderá ter mais probabilidade de derrotar este Liverpool?
Os obstáculos mais difíceis, e os jogos que poderão trazer alguma preocupação, quer pela sua intensidade, quer pela posição na ordem da lista de jogos serão estes três:
Bournemouth
Uma equipa que a jogar em casa tem uma excelente intensidade. Esta época, também no seu terreno, em sete jogos realizados tem apenas duas derrotas, às mãos de Manchester City e Wolves. Um conjunto a ter muito em conta e que tudo fará para capitalizar um jogo de tamanha dimensão. É igualmente a partida que tem lugar entre os jogos contra o Everton e RB Salzburg, onde Klopp terá a tentação de fazer descansar uma peça ou outra.
Leicester e Wolves
Que duas provas de fogo! O Campeonato do Mundo de Clubes terá mesmo que ser um passeio para o Liverpool porque, caso não seja, somando as viagens, poderá comprometer todo o mês dos Reds. Estas são duas equipas das quais nem vale apena referir o que quer que seja. O Leicester, segundo classificado, e o Wolves, quinto colocado, ambas com uma intensidade defensiva brutal, com dois dos contra-ataques mais mortíferos da liga, com jogadores com capacidade técnica muito acima da média, e treinadas por homens talhados para jogos grandes (Brendan Rodgders e Nuno Espírito Santo). O que mais poderia ir contra este Liverpool nos dois jogos logo após a competição a disputar no Qatar?
Uma coisa é certa, se há equipa preparada para enfrentar abismal intensidade, é o Liverpool. De Klopp aos jogadores, a seriedade, entusiasmo e profissionalismo com que esta série de jogos será enfrentada, não terá precedente. Podemos estar prestes a assistir a história. Em tão decisivo período da temporada, vermos uma equipa sair invencível e imaculada num mês tão frenético será uma tarefa apenas ao alcance das melhores equipas que alguma vez jogaram o jogo. E se assim o fizer, a estrutura mental deste Liverpool passa, com toda a certeza, para níveis estratosféricos.
Esta semana na Premier League
Na 14.ª jornada da Premier League o destaque vai inteirinho para a recepção do Leicester de Ricardo Pereira ao Everton de Marco Silva. Os Toffees e o treinador português encontram-se numa posição muito delicada. Se, na verdade, estão apenas a quatro pontos do sexto lugar, é também verdade que distam os mesmos quatro pontos do Norwich e dos lugares de despromoção.
Depois de perder, em casa, na jornada passada, precisamente frente ao Norwich, Marco Silva começa a não ter muitas vidas no comando do Everton. Uma fracção grande dos adeptos já pede a sua demissão e com os próximos seis jogos de alta dificuldade - Leicester, Liverpool, Chelsea, Manchester United, Leicester (Taça da Liga) e Arsenal - o treinador português poderá ver a sua vida, à frente dos azuis de Liverpool, a andar para trás, caso não comece a vencer jogos com regularidade. A começar já pelo jogo de domingo, dia 1, às 16h30.
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