“Temos pena de não haver outro Giro, porque a situação [da pandemia de covid-19] não melhorou, vai piorar. Era importante que nas próximas semanas e meses houvesse outro Giro para nós podermos, além de tudo o resto, ter razões para alegrias como as vossas”, declarou.
Marcelo Rebelo de Sousa, que hoje recebeu João Almeida, quarto classificado na geral final da Volta a Itália, e Rúben Guerreiro, o vencedor da classificação da montanha, no Palácio de Belém, tinha iniciado o seu discurso notando que “a família portuguesa vibrou com este Giro” como não vibrava há vários anos.
“Por várias razões: umas não têm a ver com vocês, têm a ver com a pandemia. As pessoas estão muito preocupadas, com vontade de se libertarem e estão todas à procura de causas que lhes deem alegrias na vida. E, de repente, apareceu uma razão para alegria, que eram vocês. E apareceu num período pesado, em que a pandemia piorou em Portugal”, sustentou.
O chefe de Estado recordou que “este último mês e meio tem sido de grande preocupação”, devido à pandemia de covid-19, e que, “no meio da preocupação, calhou o Giro de Itália e os que gostavam de ciclismo e não gostavam de ciclismo passaram a gostar”. “Passaram a ter no meio de noticiários, que são 50 minutos de más notícias, 10, 15 minutos de boas notícias, que eram vocês”, completou.
“Depois, havia outra razão: é que vocês são muito novos, muito futuro, e as pessoas precisam de futuro. Um dos problemas da pandemia é que as pessoas vivem o dia a dia, não podem planear o futuro. Ninguém sabe como estará, que planos pode realizar, até onde pode viajar… e, de repente, havia uma porta ou uma janela para o futuro, que eram vocês. Para o futuro porque são jovens, porque, de alguma maneira, representam os sucessos que as pessoas sentiam não estar a ter nas suas vidas e polarizaram em vocês”, evidenciou.
Perante as famílias de João Almeida e Ruben Guerreiro, o Presidente da República elogiou a humildade de ambos, defendendo que “nunca se puseram em bicos de pés”, naquilo que descreveu como “um exemplo para Portugal”.
“Sentia aquilo que os portugueses em geral estavam a sentir: não era apenas a representação de Portugal, não era apenas serem campeões em nome de Portugal, era aquilo que as pessoas gostavam de ter de alegrias concentrado em vocês. É uma enorme responsabilidade, ainda bem que não sabiam disso. E que difícil que era a vossa tarefa, são muito novinhos”, destacou ainda.
Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu aos dois ciclistas “em nome de Portugal” e disse esperar que, no próximo ano, “quem quer que venha a ser eleito” Presidente da República, possa voltar a homenagear os dois jovens corredores.
“Muito obrigada por estas semanas, que foram semanas de sonho para vocês e para nós”, finalizou, já depois de ‘prometer’ que nunca mais os portugueses vão largar as carreiras dos dois.
João Almeida e Ruben Guerreiro, que entregaram a Marcelo Rebelo de Sousa, respetivamente, uma camisola rosa, símbolo da liderança que o ciclista da Deceuninck-QuickStep ostentou ao longo de 15 etapas, e uma azul, reservada ao ‘rei da montanha’ da ‘corsa rosa’, expressaram o orgulho sentido não só pela receção de hoje no Palácio de Belém, mas também pelo apoio nacional que foram recebendo ao longo das três semanas da prova italiana, que terminou no domingo.
“Temos muito orgulho em ser portugueses, ainda mais nesta complicada situação que estamos a viver e o povo português tem estado ao rubro, tem apoiado imenso. […] Psicologicamente, ter o povo português a vibrar connosco e ser uma causa para o povo português é um enorme orgulho. não tenho palavras para descrever isto”, confessou o jovem de A-dos-Francos, de 22 anos.
Já Guerreiro, de 26 anos, assumiu que o apoio dos portugueses foi “uma motivação extra” para os dois, descrevendo-o como o “grande trampolim de força para lutar contra aquela dura corrida”.
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