“A única coisa que estaria provavelmente interessado seria num combate com Conor McGregor”, disse Mayweather em entrevista à ESPN, esta quarta-feira, no programa “First Take”.
Mas não faria mais sentido lutar novamente contra Pacquiao? “Sou um homem de negócios e nesse sentido esta luta faz mais sentido”, respondeu o ex-lutador que faz 40 anos no próximo dia 24 de fevereiro.
É uma luta que seria um dos maiores PPV (pay-per-view, que significa pagar-para-ver e corresponde ao sistema utilizado por várias operadoras que permitem que pague para assistir a um programa específico) de todos os tempos. E se Mayweather é o rei dos PPV no bastante lucrativo mundo do boxe, McGregor bate recordes, uns atrás dos outros, no UFC (sigla para o Ultimate Fighter Championship, principal promotor de MMA - Mixed Martial Arts/Artes Marciais Mistas - no mundo). Mais: os últimos números do irlandês eclipsam aqueles registados por Mayweather no seu último combate frente a Andre Berto.
Contudo, é praticamente impossível que a luta veja a luz do dia. A razão é que a mesma não depende exclusivamente da vontade dos lutadores para que aconteça. McGregor está ligado contratualmente à UFC e será muito difícil que o presidente da promotora, Dana White, coloque em risco aquela que é a sua super-estrela (mais ainda depois da segunda derrota consecutiva de uma das outras estrelas da companhia, a americana Ronda Rousey).
Na entrevista à ESPN, o norte-americano confirmou que já existiram conversações no sentido de avançar com o combate de boxe. De McGregor, Mayweather disse: “se ele fizer 5 milhões de dólares [num combate no UFC], eu estaria disposto a dar-lhe 10 milhões. Se ganhasse dez milhões, estava disposto a dar-lhe 20 milhões. E durante a minha a carreira, fiz 800 milhões de dólares. Não posso falar sobre o que ele está a ganhar, porque quando estiver tudo acertado, McGregor tem de responder a alguém [Dana White]. Ele tem um patrão. Floyd Mayweather não tem um patrão”.
Os rumores de um combate entre Mayweather e McGregor há muito que fazem correr tinta nos media e no círculo dos desportos de combate. São ambos campeões de popularidade e contam ambos com um currículo de respeito nas respetivas modalidades. Se Conor sabe gerir a carreira como ninguém, Mayweather tem uma autentica máquina de promoção por detrás que alavanca a sua imagem de uma maneira capaz de gerar receitas no boxe que estão ainda muito acima do MMA. A UFC existe há pouco mais de 20 anos e está a conquistar uma grande fatia do mercado, mas continua a ser um "bebé" quando comparado com o boxe, com os seus eventos a ficarem ainda longe de conseguir gerar os 100 milhões de dólares que Mayweather recebeu para combater contra Manny Macquiao em 2015. Contra Berto (o seu último combate), o norte-americano ganhou 32 milhões de dólares. Em comparação, Conor McGregor ganhou "apenas" 3 milhões de dólares naquela que foi a sua luta mais lucrativa, o segundo combate contra Nate Diaz, organizado pela UFC. (Na verdade, este montante não inclui a percentagem dos ganhos com a subscrição dos PPV que cabe ao lutador irlandês, o que incrementa bastante o valor recebido pela luta).
Mayweather disse ainda na entrevista que a sua equipa ofereceu ao irlandês 15 milhões para este aceitar o combate de boxe e que tentou organizar o evento. A este valor acrescentar-se-iam outros 100 milhões.
“Nós tentámos organizar o combate com Conor McGregor. Eles têm o meu número. O meu número garante 100 milhões. É esse o meu número. Nós somos o lado A. Não sei quanto é que Conor McGregor ganhou. Eu tenho a certeza que não fez 10 milhões num evento de MMA. Nós estamos dispostos a dar-lhe 15 milhões e depois podemos ainda falar em dividir as percentagens, no “back end” das percentagens dos pay-per-view. [...] Conor McGregor continua a dizer que quer o combate. Vamos fazer com que aconteça”, disse na entrevista.
A equipa de McGregor, por seu lado, diz não ter a certeza se o norte-americano está a falar ou não a sério quanto à organização do embate entre as duas partes. Pelo menos, publicamente. No mês passado, à ESPN, a manager confirmou esta ideia.
“Não sei se o Floyd está a aproveitar demasiado a sua reforma, se é apenas uma maneira de continuar divertir-se com aquilo que ainda tem no mundo do boxe”, disse Audie Attar, agente de McGregor. “Penso que saberemos as suas intenções muito em breve”, concluiu.
Quem são Mayweather e McGregor?
Floyd Mayweather é considerado um dos maiores nomes de sempre do boxe mundial e frequentemente considerado o melhor lutador da modalidade “peso-por-peso” (ranking que aglomera os melhores atletas entre as várias categorias). Profissional ao mais alto nível praticamente durante vinte anos (de 1996 a 2015), foi campeão mundial em cinco categorias diferentes e tem um recorde de 26 vitórias e zero derrotas em combates em que defendia o título de campeão. Em 2015, foi considerado pela revista Forbes como o atleta mais bem pago do mundo.
Já Conor McGregor é um lutador de MMA (desporto de combate que combina várias modalidades de combates, do jiu jitsu ao muay thai, do judo ao boxe, etc.) que atualmente compete na UFC e detém o cinturão de campeão de duas categorias diferentes: peso-leve e peso-pena. Foi o primeiro atleta a deter dois cinturões de divisões diferentes em simultâneo na referida promotora. É considerado um dos melhores lutadores em atividade e dos rostos mais reconhecidos da modalidade. Vai fazer uma participação especial na sétima temporada da série televisiva norte-americana, “Guerra dos Tronos”.
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