Num ano histórico para o MotoGP, são 75 temporadas do Campeonato do Mundo, há muito a olhar e há algumas diferenças. 2023 traz-nos muitas diferenças, com a principal a ser as corridas Sprint. Ou seja, fins-de-semana com duas corridas onde vamos poder ver os pilotos da classe rainha, o MotoGP, a batalhar em pista.

Portanto, as corridas sprint fazem com que o calendário passe de 20 corridas em 2022 para 42 corridas em 2023. A promessa é de mais ação em pista, no sábado e no domingo, como também mais pontos para os pilotos. Tal como acontece na Fórmula 1, ou no WorldSBK (Mundial de Superbikes), estas corridas sprint dão aos pilotos menos tempo de treino.

Ao sábado de cada fim-de-semana, as corridas sprint substituem a terceira sessão de treinos livres. Os tempos das duas primeiras sessões de treinos determinam quem dos pilotos vai para a Q2 ou para a Q1. Esses resultados fazem a grelha de partida. Estas corridas vão ter metade das voltas de uma corrida normal, exemplo em Portugal a corrida de sábado terá 12 voltas. Em termos de pontuação, como é metade de uma corrida normal, as pontuações serão cortadas a metade para os primeiros nove classificados da sprint. E as vitórias nas corridas sprint? Contam como vitórias em Grande Prémio? Não, estas vitórias vão constar de uma estatística separada.

É uma das maiores mudanças nos 75 anos de história do MotoGP. Por um lado, mais corridas, mais drama, mais ação em pista para quem vai às pistas ou está a ver a partir de casa. Sem tantos treinos, há menos tempo para afinar as motos, o que pode dar corridas diferentes, mais imprevisíveis. Só pontuando os nove primeiros, pode existir uma maior 'ganância' para chegar aos lugares pontuáveis, pois não mexe no lugar de partida para o Grande Prémio de domingo.

Do outro lado da moeda, os riscos são maiores. Mais voltas a correr pode significar mais quedas, mais lesões para pilotos que já estejam lesionados. E, certamente, perder um campeonato numa corrida sprint não deve dar a melhor sensação a um piloto ou construtor. A Dorna não ajudou, pois quando anunciou estas corridas sprint, os pilotos não foram consultados. Os construtores também não ficaram extremamente entusiasmados, porque menos tempo para praticar significa menos tempo para testar novas soluções para melhorar componentes e tecnologia, que é uma justificação grande dos construtores participarem no campeonato.

Olhando agora para os pilotos e equipas, para nós portugueses o grande atrativo é Miguel Oliveira. O piloto português tem um dos seus maiores desafios da carreira. Depois de quatro anos aos comandos de uma KTM, o piloto de 28 anos muda-se para o campo da Aprillia, onde vai pilotar pela equipa da RNF. Uma equipa satélite do construtor italiano, mas, que já se sabe que dará um moto oficial a Oliveira.

Oliveira, depois dos testes de pré-temporada, deu bons indicadores sobre a sua mudança. Agora com o começo da temporada em Portimão, num circuito onde já dominou por completo, em 2020,  português procura chegar-se à frente. Para já, não deve ser candidato ao título, mas, será sempre um candidato às vitórias. Uma boa época pode elevar o estatuto para piloto de fábrica e, com o crescendo que se viu na Aprillia em 2022, o 'céu é o limite'.

Depois de Miguel Oliveira, vamos agora olhar para os candidatos ao título de 2023. Francesco "Pecco" Bagnaia é o atual campeão do mundo e vai adornar a sua Ducati com a placa número 1, algo que não acontecia há algum tempo e que hoje em dia tem caído em desuso. Mas, o piloto italiano da Ducati parte na linha da frente para a renovação do ceptro. A moto italiana continua a ser a mais avançada em termos aerodinâmicos, o que hoje em dia influência a performance em pista.

Do outro lado da garagem, também vestido de vermelho, está Enea Bastianini. A não ser que os 'clientes' Ducati tenham encontrado um milagre, o duo da equipa oficial deverá estar a batalhar pelo título em 2023. O par da Ducati vence mais de metade das corridas de 2022. Bastianini venceu quatro corridas, na altura a correr com a Gresini e com uma moto de 'segunda-mão', a GP-21, moto que a Ducati apresentou em 2021. É algo muito comum no pelotão, as equipas satélite terem motos mais antigas.

Bagnaia com a sua experiência pode ser o mais forte dos dois, mas, a rapidez de Bastianini não o coloca prontamente de fora. Repare-se que Bastianini precisou de 19 corridas para vencer, com uma moto antiga. Enquanto Bagnaia demorou 43 corridas para vencer pela primeira vez, e essa vitória já chegou com uma moto de fábrica.

Fabio Quartararo, por outro lado, tem de ter uma abordagem diferente. O francês, campeão do mundo em 2021, está, de momento, no lugar que Bagnaia esteve há pouco tempo. O próprio até já assumiu. Em 2022, Bagnaia não começou da melhor forma o campeonato, mas um melhoramento na moto colocou o italiano com o ceptro.

Agora, Quartararo quer fazer o mesmo e em declarações ao The-Race afirmou: "Acho que estamos com a mesma moto há quatro anos. Ou três. Este ano mudamos muito. Estávamos perdidos e agora estamos no bom caminho, com pequenos melhoramentos. Estou confiante, mas claro que as primeiras corridas serão muito difíceis, mas espero que a Yamaha continue a trabalhar e acho que conseguirei estar melhor ainda na segunda parte da temporada".

Os primeiros testes com a nova Yamaha, ainda em setembro de 2022, foram positivos. Há muito que Quartararo pede velocidade de ponta à marca japonesa e um grande melhoramento no motor japonês veio resolver isso. Apesar disso, a moto japonesa continua com muitas dificuldades. Apesar de melhorar o motor, a questão aerodinâmica ainda está um pouco atrasada. Talvez a segunda metade da temporada seja o suficiente para Quartararo conquistar um segundo título mundial.

Por fim, temos de olhar para a Honda. A marca japonesa viu-se na mó de baixo quando Marc Márquez se lesionou com gravidade e, nos últimos anos, pouco ou nada tem pilotado. Para 2023, foram buscar Joan Mir, campeão do mundo de 2020 com a Suzuki, que decidiu sair do MotoGP e das competições motorizadas. Assim, Mir pode ser a lufada de ar fresco, numa extremamente dependente de Marquéz Honda. Mesmo que Márquez se vá embora a meio ou até depois, Mir pode tomar as rédeas. No entanto, Marquéz já assumiu, em declarações à Speedweek, que a marca japonesa não é candidata ao título: "É verdade que os últimos três anos têm sido difíceis para mim. Também o foi para a Honda. Por isso é que não somos candidatos ao título. Temos de continuar a trabalhar, para reconstruir este projeto. A minha missão é a mesma que em 2013. Vimos como o Bagnaia ganhou em 2022, depois de Sachsenring. Teve imensos problemas na pré-temporada, não começou bem e depois venceu".

A temporada começa agora com o Grande Prémio de Portugal, no Autódromo Internacional do Algarve. A corrida decorre no domingo, 26 de março, a partir das 14h (hora de Portugal Continental) e tem transmissão na SPORTTV 4.

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