Mas escolhemos três que compõem o nosso pódio. O primeiro é no livre de Cristiano Ronaldo, momentos após a bola ter entrado… a câmara apanha um adepto na bancada com as mãos na cabeça, incrédulo com o que acabou de acontecer, sem conseguir arranjar explicações para aquele livre do astro português.
Outra imagem vai para o Costa Rica-Sérvia, com um momento espectacular na bancada. À passagem do minuto 38, o realizador capta uma muito jovem adepta, que estava surpreendida com o momento dos sérvios no jogo. Este tipo de expressões define uma competição inteira que já está bem carregada de surpresas nos seus primeiros jogos.
Por fim, a reacção dos jogadores do México ao golo de Lozano… aquele futebol vibrante, caótico, ritmado e super acelerado dos aztecas que conquistaram os adeptos desta grande prova da FIFA. Esta imagem pode estender-se ao momento em que o árbitro termina o encontro, com Chicarito a correr com lágrimas nos olhos. O México vai voltar a abanar com o Mundial?
Por isso, das três imagens que escolhemos qual é que o leitor escolhe? O momento em que Ronaldo volta a quebrar as leis da física? A super adepta que sofreu a cada momento entre Los Ticos e sérvios? Ou a emoção espectacular dos mexicanos ao derrubarem o campeão Mundial?
Der Champion Enttäuscht, ou como a Alemanha tropeçou
Maldição, conhecem a palavra? Este conceito agarrou-se aos campeões mundiais desde sempre, como prova a derrota por 5-1 da Espanha em 2014 frente à Holanda, a Itália em 2010 com um empate ante o Paraguai ou a derrota da França em 2002 contra o Senegal (terminaram em último do grupo). Ou seja, esta maldição centenária tem colado como uma lapa aos vencedores de edições anteriores e a Alemanha foi a última vítima neste rol de equipas que sucumbiram no primeiro encontro.
Mas o que se passou com a Die Mannschaft? Neste caso, foi mais o que se passou com o México, que entrou no jogo a matar, com uma velocidade asfixiante, uma abordagem “agressiva” e lutadora que mexeu por completo com a estratégia de Joachim Löw, apanhando o selecionador alemão desprevenido. Hector Herrera, Miguel Layún, Carlos Vela e Chicharito foram soberbos na recuperação de bola, reposição da mesma em transições rápidas e com uma harmonia completa que faz inveja a muitos. A Alemanha pareceu perdida durante largos momentos do encontro, com falta de clarividência por parte do meio-campo alemão.
Müller, o der Raumdeuter, foi uma completa “sombra” dentro da grande área, não conseguindo soltar as amarras que os defesas mexicanos tão bem colocaram no avançado. De resto, os germânicos foram algo vulgarizados pelos aztecas, não percebendo como desfazer aquela desvantagem. Faltou, especialmente, a magia de Mesut Ozil, um detalhe de futebol-sórdido de Draxler (o extremo, que tem um dom especial para o futebol, parece algo distante do seu melhor momento de forma) ou a eficácia matreira do suplente Marco Reus.
Mas até que ponto a Alemanha não vai conseguir dar a volta a uma situação complicada? Dos comandados de Joachim Low espera-se uma resposta em força. Mas caso tal não aconteça, os campeões do Mundo, a exemplo da Espanha em 2014 ou da França em 2002, podem ir para casa (muito) mais cedo do que alguma vez pensavam.
Um pouco de drama e trama faz bem a um Mundial de futebol.
A estrela mais brilhante do maior espetáculo do mundo
Para este subtítulo propusemo-nos a escolher o maior desequilibrador da 1.ª ronda do Mundial. Apesar disso, acabamos por escolher o maior equilibrador da prova: Cristiano Ronaldo. O capitão da seleção Nacional acabou por equilibrar o jogo com a vizinha Espanha, desequilibrando individualmente.
Três golos (é, neste momento, o melhor artilheiro da prova) conseguidos à custa da sua qualidade: ganha as duas faltas que deram origem ao o penálti e livre - que converteu - e fez o remate que, com a ajuda de De Gea, deu o segundo a Portugal.
Uma exibição memorável do melhor do mundo, que deu um precioso empate à equipa das quinas. Um empate que sabe a vitória pelo golo ao cair do pano e pelo favoritismo da Espanha. Ronaldo marca assim em quatro mundiais consecutivos e dobra o seu número de golos na competição. Continuará o capitão português a dar cartas neste Mundial? E com a sua excelente forma, até onde pode ir Portugal?
Se Ronaldo é, até agora, o maior destaque individual, a verdade é que outros há que estão no seu encalce. Vimos, nesta primeira ronda, grandes exibições de uma mão cheia de jogadores. Lukaku apareceu na segunda parte para fazer dois golos ao Panamá e resolver a partida para a Bélgica. Harry Kane desbloqueou um jogo difícil para a Inglaterra também com dois golos (um deles já depois dos 90'). Mas nem só de goleadores se faz este Mundial. Ochoa brilhou na baliza do México ao parar tudo o que os alemães remataram (incluindo duas defesas fenomenais). No meio campo, Modric e Golovin guiaram Croácia e Rússia, respetivamente, a boas exibições. O russo marcou mesmo o 5.º dos da casa (na vitória, 5-0, sobre a Arábia Saudita, no jogo que "abriu" o Mundial), num golaço de livre.
A onda mexicana que abarcou suíços e islandeses
O que as seleções de México, Suíça e Islândia têm em comum? Todas surpreenderam favoritos à vitória final na jornada de abertura. A maior surpresa foi, apesar da sua reconhecida qualidade, a equipa mexicana. Como já foi acima abordado, a vitória (por 1-0) sobre a campeã do Mundo Alemanha é, até ao momento, o resultado mais inesperado do Mundial russo.
Para além da fúria mexicana, duas equipas europeias apareceram a criar problemas a ‘tubarões’. Os suíços foram como um relógio: certinhos, certinhos, certinhos. O Brasil até começou a vencer com um golaço de Coutinho mas, com tranquilidade os helvéticos chegaram ao empate num canto e não mais vacilaram. Aguentaram as investidas canarinhas e roubaram 1 ponto no jogo mais difícil do grupo. Sem serem perigosos na frente, os homens de Vladimir Petkovic foram sólidos e solidários a defender. Pararam o talento brasileiro de Neymar, Coutinho, Gabriel Jesus e companhia, e mereceram o empate.
A entrega é, também, a imagem de marca da Islândia. Contra a favorita Argentina, os islandeses voltaram a surpreender. Depois de um excelente Euro 2016 e de uma qualificação surpreendente - venceram o grupo onde estavam equipas como a Croácia, a Turquia e a Ucrânia -, começam o Mundial a "empatar" a melhor equipa do grupo. Sem grandes argumentos (tirando a qualidade de Sigurdsson) para criar, a Islândia retraiu-se e deixou a Albiceleste jogar. A Argentina fez um jogo fraco e, mesmo a vencer, pareceu sempre pouco perigosa para a organização nórdica.
Depois do 1-0 argentino, a resposta surgiu quatro minutos depois num cruzamento mal aliviado por Caballero que Finnbogason finalizou de forma fácil. Estava reposto o resultado pretendido pela “terra do gelo”, que se limitou a defendê-lo com tudo o que tinha. A desinspiração dos argentinos encontrou em Halldórson uma parede intransponível, que o diga Lionel Messi, que falhou uma grande penalidade, permitindo a defesa ao guardião islandês.
O melhor onze
Guarda-redes: Guilhermo Ochoa (Mex) – reflexos incríveis e uma segurança intransponível frente a uma forte Alemanha;
Defesa: Toby Alderweireld (Bel) – Chega ao Mundial em alta rodagem, com uma saída com bola de categoria que ajuda a Bélgica a começar melhor a sua missão ofensiva;
Andreas Granqvist (Sue) – capitão e líder desta equipa, mostrou segurança a defender e uma frieza enorme no momento de bater o penálti decisivo que deu a vitória à Suécia sobre a Coreia do Sul;
Diego Godin (Uru) – Intransponível este uruguaio. É formidável a forma como ganha a maioria dos seus lances aéreos ou como os seus cortes nunca acabam em falta;
Héctor Moreno (México) – Ochoa fez um par de defesas impossíveis, verdade. Mas quantas vezes Moreno apanhou Müller em velocidade e bloqueou o ataque alemão em momentos críticos do jogo?
Médios: Hector Herrera (Mex) – o motor da maior surpresa da 1.ª ronda. Muita intensidade e qualidade nas saídas em contragolpe;
Sergio Busquets (Esp) – o patrão do meio-campo espanhol, fez jogar a equipa no maior período de domínio de nuestros hermanos;
Luka Modric (Croa) – organizador de jogo e incansável “carregador de pianos”, fez o que sabe fazer melhor, no maior palco do Mundo;
Aleksandr Golovin (Rus) – o maior destaque da goleada da Rússia, muita qualidade com a bola no pé e um grande golo a fechar o jogo;
Avançados: Cristiano Ronaldo (Por) – o melhor da 1.ª ronda, com 3 golos e uma exibição memorável;
Romelu Lukaku (Bel) – O “tanque” dos Red Devils (alcunha da Seleção da Bélgica e do seu clube, o Manchester United) foi dos melhores em campo frente ao Panamá, algo que vai muito para além dos dois golos que marcou.
Comentários