Hoje revisitamos o Arsenal de Arsène Wenger. Já aqui falei dos vinte anos do francês ao serviço dos Gunners e, na altura, a vida do treinador não se adivinhava fácil. O que é certo é que a equipa tem surpreendido e puxado dos galões com frequência suficiente para estar com o mesmo número de pontos que Liverpool e Manchester City no topo da tabela classificativa.
Depois de um início muito tremido, os pupilos de Wenger entraram numa senda de vitórias que lhes permite sonhar com o título que não chega há já doze anos. E não fosse o inesperado empate em casa com o Middlesbrough, estaríamos certamente a falar de um Arsenal líder isolado.
Chega então a hora de mais um grande teste para os Gunners, e desta feita, a dobrar. As próximas jornadas serão duríssimas para os londrinos, com a visita do Tottenham de Pochettino e a deslocação a Manchester para defrontar o United de Mourinho. Wenger tem aqui a oportunidade de provar que o Arsenal é um sério candidato ao título e não tem intenções de facilitar a vida a ninguém.
Quais são, afinal de contas, os segredos do Arsenal para o positivo início de campeonato?
Antes e depois de Mustafi
Depois de mais um desastroso mercado de verão, com vários alvos a optarem por outros clubes, a verdade é que Wenger acabou por conseguir recrutar, mesmo no limite do mercado, uma peça que se veio a tornar crucial: Shkodran Mustafi. O defesa central, catorze vezes internacional alemão, veio do Valencia para assegurar maior consistência defensiva ao Arsenal. Antes da sua chegada ao onze, o Arsenal tinha o registo de cinco golos sofridos em três jogos. Após a titularidade do alemão, os Gunners sofreram o mesmo número de golos, mas no dobro dos jogos disputados (sete para ser mais preciso).
Determinação e capacidade de pressão nos momentos finais do jogo
Este é outro dos fatores que permite ao Arsenal estar no topo da liga. Duas vitórias arrancadas já nos minutos finais da partida, garantem aos londrinos quatro preciosos pontos que fazem uma grande diferença na abordagem aos dois próximos encontros.
Golos vindos do banco
Em nove jogos para a Premier League, o Arsenal tinha apenas dois golos marcados por jogadores vindos do banco, nomeadamente por Oxlade-Chamberlain e Granit Xhaka. O que é certo é que, no último encontro (vitória por 4-1 frente ao Sunderland de David Moyes) Olivier Giroud saltou do banco ao minuto 69 e em menos de dez minutos apontou dois golos. Este é um excelente sinal para Wenger, que tem finalmente as suas opções – iniciais ou que começam o jogo no banco – a ganhar ritmo, o que poderá ser crucial para os duelos que se avizinham.
Alterações e jogadores-chave
A grande alteração feita por Wenger esta época foi a colocação do chileno Alexis Sánchez “solto” na frente de ataque. Essa pequena modificação (face a épocas anteriores), não obstante ter levado a equipa a “perder” a referência Giroud na frente de ataque, tem resultado na perfeição. Sánchez já leva seis golos e três assistências nos dez jogos realizados.
Por outro lado, a subida de rendimento – quase um renascimento! – de Theo Walcott nesta época tem dado um ânimo diferente aos Gunners. Com cinco golos e duas assistências em nove jogos, o internacional inglês é, sem dúvida, e a par de Sánchez, a grande referência da equipa até ao momento.
Ainda notas de destaque para a constante rotação de titulares na dupla de médios-centro feita por Wenger. O francês tem utilizado recorrentemente quatro jogadores nessa posição, sem que nenhum deles tenha menos de seis jogos realizados. Granit Xhaka, Mohamed Elneny, Francis Coquelin e Santi Cazorla vão formando entre si duplas que, para além da consistência defensiva, têm servido de ignição para as rápidas transições da equipa. Tal rotação, resultando, pode ser mais um fator importante para a formação, com um calendário particularmente atarefado a partir do próximo mês. Ter quatro médios prontos a jogar e com uma consistência de rendimento semelhante é um luxo do qual muito poucas equipas se poderão gabar.
Veremos como nas próximas duas jornadas se comporta o Arsenal de Arsène Wenger, importantes para aferir o estofo da equipa e as suas aspirações ao tão desejado título. A começar já por este domingo, dia 6, pelas 12h, com um Arsenal-Tottenham.
Pedro Carreira é um jovem treinador de futebol que escolheu a terra de sua majestade, Sir. Bobby Robson, para desenvolver as suas qualidades como treinador. Tendo passado por clubes como o MK Dons e o Luton Town, encontra-se neste momento a trabalhar para a Federação Inglesa de Futebol (The FA). Pode acompanhar as suas crónicas, todas as sextas, aqui no SAPO24.
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