Treinador do Momento

Maurizio Sarri, que tomou conta do Chelsea no início desta temporada.

Sem muitas transferências no mercado de verão — o que poderia dificultar a adaptação do treinador e da equipa — o Chelsea do Italiano Sarri parece ter entrado na liga com balanço. (Ainda mais sabendo que o sistema de Antonio Conte era extremamente vincado e as mudanças nos estilos foram radicais.) O trabalho feito até agora pelo treinador de 59 anos tem sido sujeito a elogios pelos próprios jogadores, nomeadamente no que toca à liberdade dada no processo ofensivo.

Conte acabou por provar que uma estrutura muito rígida dá os seus frutos, mas coloca um tempo limite em todo o processo. Diria até que essa mesma janela de tempo, até que algo corra mal, está diretamente relacionada com a forma como a gestão dos recursos humanos é efetuada. Mesmo após ganhar títulos e provar que os seus métodos funcionam, na segunda época, Conte acabou por perder o plantel e não conseguir reconquistar não só o título, como os jogadores-chave da equipa, nomeadamente Eden Hazard.

Desta forma, Sarri aproveitou da melhor forma a insatisfação do plantel e está não só a conseguir colocar em prática a sua forma de jogar, como está a recolher frutos dessa mesma forma de estar, no imediato. A transição e adaptação, em conjunto com os excelentes resultados e bem-estar da equipa dão, a meu ver, um ênfase a Mauricio Sarri que merece destaque.

De referir que tanto Jürgen Klopp e Javier Gracia merecem igualmente lugar de destaque pela subida de rendimento das suas equipas. No caso do alemão, pela subida de rendimento e consistência da equipa; no caso do espanhol, como Sarri, pela rápida adaptação ao futebol inglês e aproveitamento dos recursos que já tinha à disposição no clube.

créditos: AFP PHOTO / Daniel LEAL-OLIVAS

Jogador do Momento

Jorginho, jogador contratado pelo Chelsea no último mercado de verão.

Se nas épocas anteriores temos tido jogadores como Eden Hazard, Kevin De Bruyne e Mohamed Salah como porta estandartes da Premier League, este ano ter-se-á que, ao que parece, adicionar pelo menos mais um à lista. Jorginho, o médio brasileiro do Chelsea que trouxe com ele os métodos do próprio Maurizio  Sarri.

E se Sarri conseguiu reanimar os blues graças à sua forma de estar, parte fundamental do sucesso da equipa, passa muito pelo jogador-chave da equipa. O recém chegado Jorginho parece ter vindo para impressionar. Sem dar muito nas vistas é um jogador essencial à dinâmica de passe e consegue, com alguma facilidade, colocar mais ou menos intensidade no jogo atacante da equipa londrina.

Caso não tenha reparado na impressionante forma do jogador, fique a saber que o médio é dos jogadores mais ativos e eficientes da liga.

Primeiro nos rankings de toques, passes com sucesso e passes no meio campo ofensivo e segundo na lista de passes no último terço do terreno e no envolvimento em jogadas de golos, nas quais já participou seis vezes em cinco jogos.

Se Eden Hazard é neste momento um dos jogadores do momento na liga, Jorginho destaca-se pelo papel mais ‘silencioso’, mas não menos importante.

Em forma de curiosidade, no passado fim de semana, na vitória por 2-1 frente ao Newcastle, Jorginho igualou um record da Premier League. O brasileiro tocou 186 vezes na bola durante os 90 minutos. Uma marca que até então só tinha sido alcançada pelo, também brasileiro, Fernandinho. Jorginho é claramente o homem referência deste Chelsea de Mauricio Sarri e um jogador a observar de perto nos jogos dos blues.

créditos: AFP PHOTO / Glyn KIRK

Uma Estrela em ascensão

Torreira, contratado à Sampdoria depois de estar emprestado ao Pescara, também da liga italiana.

Já se sabe o quão ativa é a massa adepta do Arsenal — recordo que muitos adeptos têm canais de informação no YouTube, sendo o mais conhecido o AFTV (ArsenalFanTV). Desta forma já são audíveis os pedidos para a titularidade de uma jovem promessa do meio campo dos Gunners. A resposta de Unai Emery não se fez esperar e esse mesmo jovem acabou por ganhar o lugar na equipa, mas na Liga Europa. O seu nome, Lucas Torreira.

O uruguaio pode ser o mais pequeno jogador do Arsenal mas é com toda a certeza um grande jogador. Com uma raça e determinação muito características do futebol do seu país, o ex-Sampdoria tem mostrado, nos poucos minutos que lhe foram dados, que poderá ser peça fundamental na reconstrução pós-Wenger. Torreira jogou nas cinco primeiras jornadas da liga, embora sempre como opção vinda do banco de suplentes. Os 160 minutos em que já teve oportunidade mostrar o seu valor parecem ter sido suficientes para convencer muita gente.

O Arsenal era uma equipa desesperadamente à procura de determinação e consistência, principalmente na zona média, e o jovem de 22 anos parece muito bem ser a solução para muitos dos problemas do Arsenal. 

Será que depois da excelente exibição contra o Vorskla Poltava, onde jogou 57 minutos, o médio fará a sua estreia a titular na mais competitiva liga do mundo, ou voltará a sair do banco nesta sexta jornada frente ao Everton? Apesar de ter jogado apenas até ao início da segunda parte a substituição poderá indicar que Unai está convencido e que o quis poupar para a partida de domingo frente ao Everton. Com Torreira em campo o Arsenal venceu por 3-0, após a sua saída, o jogo acabou 4-2, refletindo de alguma forma a importância do médio no processo defensivo.

créditos: AFP PHOTO / Glyn KIRK

A equipa sensação

Como não poderia deixar de ser... a sensação não pertence ao chamado ‘Top 6’. Todos os anos temos uma equipa que faz um belíssimo início de campeonato e da qual ninguém esperava tão bons resultados. O que é certo é que o Watford, com quatro vitórias e apenas uma derrota (frente ao Manchester United no fim de semana passado) há muito que demonstra uma excelente regularidade competitiva. Apesar da entrada e saída de treinadores, desde 2015, que os The Hornets tem conseguido assegurar a qualidade do plantel; como tal, os danos têm sido mínimos, conseguindo, agora, com Javier Gracia, uma ligação entre consistência e qualidade. 

Na minha opinião o segredo deste Watford passa principalmente pela linha média da equipa. Com um meio campo extraordinário, a equipa de Londres tem, de uma forma ou de outra, conseguido levar a melhor sobre os adversários e parece-me em excelente posição para fazer uma época muito além do esperado por todos, incluindo os seus adeptos. 

Will Hughes, um jovem jogador inglês do qual falámos aqui como uma das promessas a subir da Championship à Premier League, também chamou à atenção do Watford, que já vai para a segunda época no clube.

Abdoulaye Doucoure e Etienne Capoué, a dupla de médios franceses, deixam qualquer um de boca aberta. Primeiro, com a sua qualidade; são duas autênticas máquinas que, em conjunto, fazem do meio campo de qualquer equipa um meio campo de sonho. Depois, em segundo lugar, como é que ninguém os contratou no mercado de verão? É para mim uma incógnita, pensei serem dos primeiros jogadores a serem alvo de ofertas por parte dos clubes de maior dimensão e não tendo isso acontecido, penso que agora são muitos os que ‘choram’ a falta de perspicácia e a não contratação de um, ou mesmo ambos.

Roberto Pereyra, o médio ofensivo argentino que finalmente se começa afirmar na equipa de Javier Gracia. Tendo sido contratado à Juventus em 2016, sem nunca ter encontrado o seu espaço tanto na equipa italiano, como no Watford, Pereyra começa agora a mostrar consistência exibicional e a retirar do seu futebol muito mais do que tínhamos visto até então.

Sempre que tiver a oportunidade de ver o Watford em ação, não perca a dinâmica entre este quarteto de meio campo, cujas exibições têm levado a equipa a uma fantástica campanha neste início de Premier League 2018/19. 

créditos: AFP PHOTO / Glyn KIRK

Este fim de semana na Premier League

A sexta jornada da Premier League poderá ser um ponto de viragem na liga; ou, pelo menos, poderá trazer surpresas. Não porque não existam resultados inesperados praticamente todas as jornadas, mas porque os jogos das competições europeias começaram esta semana, o que poderá levar a uma pequena diferença entre as equipas do ‘Top 6’ e as restantes equipas. Curiosamente, não haverão jogos entre ‘grandes’ e todas as equipas que jogaram nas competições europeias irão defrontar clubes que se prepararam e descansaram durante toda a semana.

Por fim, abrindo a jornada no sábado dia 22, pelas 12:30, o Watford desloca-se ao vizinho londrino Fulham, onde tentará voltar às vitórias, continuando a surpreender com a sua fantástica forma e posição na tabela classificativa. A não perder.


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