Em declarações à Lusa, o líder dos árbitros evitou comentar diretamente as recentes queixas de Sporting e FC Porto sobre os últimos desafios para a Taça da Liga e garantiu a independência dos 'juízes'.
"A arbitragem não está ao serviço de ninguém. Se alguém quer fazer passar essa ideia, está completamente enganado. Nem nenhum clube nem ninguém manda na arbitragem. Os árbitros estão somente focados em fazer o seu trabalho e não em andarem a mando de alguém. Se essa ideia existiu no passado não pode existir mais", afirmou.
A alegada falta de experiência do atual quadro de árbitros de primeira categoria tem sido uma das críticas mais veiculadas pelos clubes, mas Luciano Gonçalves recusa a ideia, embora peça tempo e "condições para que os árbitros possam crescer".
"Apesar da qualidade dos árbitros, a comunicação social e os clubes não reveem neles essa garantia e essa experiência por estarem há pouco tempo na primeira divisão. Quando se fala em árbitros menos conhecidos, os clubes, naturalmente, não veem neles experiência, e qualquer erro é visto dessa forma", explicou.
Nesse sentido, o presidente da APAF deixa uma crítica implícita à década de liderança de Vítor Pereira na arbitragem portuguesa: "Este problema não é de agora. Este problema da arbitragem tem que ver com o passado, em que não se acautelou esta questão de os árbitros terem tempo para crescer. Temos um excelente grupo de árbitros, mas precisam de condições".
Confrontado com uma renovação mal conduzida no quadro de árbitros nos últimos anos, Luciano Gonçalves admite "uma má gestão" deste processo. "Deveríamos ter previsto com mais antecedência a saída de alguns árbitros. Depois, fomos obrigados a fazer crescer os árbitros. E o futebol português não está preparado para deixar crescer os árbitros de forma tranquila", frisou.
"Estão a acontecer erros da mesma forma que sempre aconteceram. O que está a acontecer é um fenómeno crescente que faz com que os erros sejam analisados com muito mais escrutínio do que no passado. Como os resultados das equipas de relevo não estão a ajudar, é óbvio que os árbitros estão a ser muito mais escrutinados", observou Luciano Gonçalves.
Paralelamente, o presidente da APAF deixa um apelo até ao final da temporada. "Os árbitros estão a trabalhar muito para tentar errar o menos possível. Todos os agentes - comunicação social, dirigentes, treinadores, jogadores - têm de trabalhar para criar um ambiente melhor no futebol e não andar neste clima demasiado penoso", sentenciou.
Os últimos encontros da Taça da Liga, Vitória de Setúbal - Sporting e Moreirense - Porto, colocaram os árbitros no centro de uma onda de contestação que tem gerado alguns episódios de maior tensão.
Na quinta-feira um grupo de adeptos, alegadamente dos Super Dragões, visitaram um centro de treino de árbitros e proferiram várias ameaças, tendo mesmo Artur Soares Dias, árbitro que vai apitar o próximo jogo dos dragões, sido ameaçado de morte.
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