Em declarações à agência Lusa, Pedro Garcia admitiu que este era um cenário “algo inevitável” a partir do momento em que o mercado foi confrontado com a quase inexistência de eventos desportivos e notou que o setor se encontra, neste momento, em “recuperação gradual”, que se deve “maioritariamente ao regresso dos principais campeonatos europeus” de futebol.
“O mercado apresentou sinais positivos no início do ano, nomeadamente em janeiro e fevereiro, e prevíamos um ano de crescimento no setor. No entanto, com a pandemia, em meados de março, e a suspensão de praticamente todas as competições de desporto a nível mundial, até maio, acabámos por verificar uma quebra de cerca de 80% ao nível das apostas desportivas”, analisou o responsável da casa de apostas na internet.
A recuperação, sublinhou Pedro Garcia, “tem vindo a ser gradual” e teve início com o regresso do campeonato alemão.
Posteriormente, teve um novo ‘balão de oxigénio’ com o reatar da I Liga portuguesa “e outros campeonatos europeus”, embora Pedro Garcia faça questão de referir que “é importante que se perceba que não estamos a falar dos volumes de janeiro ou fevereiro, até porque continuam sem existir algumas competições”.
“A I Liga portuguesa é uma das competições que gera bastante interesse junto dos nossos jogadores. Sabemos que tem um grande impacto e importância e notámos automaticamente um aumento no volume de apostas [quando a competição foi retomada, em junho], principalmente porque regressou numa fase em que o título estava ainda indefinido entre FC Porto e Benfica”, explicou Pedro Garcia.
A representatividade do futebol no mercado de apostas desportivas, de resto, “acentuou-se nos últimos meses” em função da “redução significativa de eventos desportivos de outras modalidades”, que representam, normalmente, “20% do volume total” de apostas no mercado português.
Ténis, NBA (basquetebol) e hóquei no gelo são as modalidades apontadas pelo responsável de marketing da empresa como as mais procuradas pelos apostadores portugueses, além do futebol que é “sem dúvida a que desperta mais interesse”.
Ainda assim, o responsável apela ao regulador do mercado nacional, o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), sob a alçada do Turismo de Portugal, para a introdução de novos jogos como “e-sports, eventos virtuais, fantasy sports ou jogos de casino ao vivo” como forma de “alargar a oferta e combater operadores ilegais”.
“Estes operam à margem da lei, conseguindo oferecer preços mais competitivos e produtos que as empresas legais não podem oferecer. Não são tão rigorosamente controlados como os operadores licenciados em Portugal e, por isso, também não cumprem os requisitos de jogo responsável e proteção de menores”, apontou Pedro Garcia.
E o perigo da proliferação de operadores ilegais pode mesmo afetar o desporto nacional, cujo financiamento é garantido, em parte, pelas receitas proporcionadas ao Turismo de Portugal pelos jogos sociais e apostas desportivas online.
“Havendo uma quebra no setor das apostas desportivas, seja motivado por operadores ilegais ou outro motivo, é quase sinónimo de que exista também uma quebra na indústria do futebol no nosso país. Estamos a falar de patrocínios, receitas e muitas outras ações que ficam em causa”, detalhou Pedro Garcia.
Após a declaração de pandemia pela Organização Mundial de Saúde, em março, quase todas as competições desportivas a nível mundial foram adiadas ou mesmo canceladas pelas autoridades locais, provocando uma quebra significativa no mercado de apostas.
Em Portugal, segundo uma estimativa da Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online, as perdas de receitas em apostas desportivas terão chegado a perto de 100% em abril.
Após severas medidas de confinamento com o objetivo de controlar a propagação da pandemia, alguns países permitiram o regresso da atividade e competições desportivas a partir de maio.
Em Portugal, a I Liga de futebol foi retomada em 03 de junho, com a realização da 25.ª jornada, e concluída em 26 de julho, depois de consagrar o FC Porto como campeão nacional 2019/20.
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