O adiamento foi benéfico para a preparação ou foi mais um momento de ansiedade?
Na minha perspetiva, o adiamento não foi benéfico em nenhum sentido — principalmente devido à causa e consequências desse mesmo adiamento. No entanto, tive a sorte de, tanto eu como o meu cavalo, nos mantermos em forma para representar Portugal em Tóquio, pelo que em termos desportivos acabou por não ter grande impacto.
Beneficiou com o adiamento ou está nos Jogos devido a esse facto?
Não creio que em termos de qualificação tenha tido grande benefício, uma vez que penso que tal como este ano também no ano anterior faria parte da seleção que vai representar Portugal em Tóquio. No entanto, o adiamento permitiu ao meu cavalo ganhar um pouco mais de maturidade, pelo que gosto de pensar que este ano vamos conseguir um resultado superior ao que conseguiríamos fazer no ano passado.
Há quanto tempo está a preparar os JO?
Monto a cavalo desde pequeno, a minha família cria cavalos há várias gerações, e vou competir em Tóquio num cavalo criado por nós em casa. Os Jogos Olímpicos são sempre o maior objetivo, pelo que posso considerar que os Jogos são uma grande ambição há muitos anos. Em concreto com o Fogoso, estamos a preparar de forma mais focada e dedicada desde 2018, ano em que começámos a competir em Grande Prémio.
Ao longo deste ciclo Olímpico, quando é que pensou: este é momento do “tudo ou nada”?
Diria que em 2019, onde participei em mais de 10 provas e onde viajei em competições com o meu cavalo pela Europa, talvez tenha sido o momento em que apostei tudo, e foi também o ano em que conseguimos a qualificação olímpica por equipas para Portugal. Foi uma “maratona” de provas que acabou com uma grande recompensa, com a qualificação olímpica.
Qual o pior momento na preparação?
Acho que não há um pior momento… Todos os momentos são difíceis no princípio porque o cavalo está a aprender e a ganhar experiência. Quando começa a estar confirmado, continua a ser difícil, porque temos de o manter sempre a evoluir, mas também sempre a pensar em mantê-lo com saúde. O cavalo é um atleta e as lesões estão sempre em cima da mesa.
Que preparação específica foi feita? (Por exemplo, vai alterar os ciclos de sono antecipadamente face à diferença horária?)
Nós vamos viajar com bastante antecedência, porque os cavalos precisam de bastante tempo de adaptação, pelo que vou ter também tempo de me adaptar à diferença horária à chegada. Quanto ao clima, optámos por treinar nas horas de maior calor, para permitir uma maior preparação.
Qual a maior dificuldade que espera encontrar em Tóquio?
A distância da família, uma vez que neste contexto Covid existem muitas restrições quanto às pessoas que podem viajar connosco.
Qual a coisa mais inusitada que leva na bagagem para o Japão?
Levo o fato de treino da equipa portuguesa. Para montar é algo que nunca uso, pelo que dentro da minha realidade é inusitado.
Quais são os objetivos em termos de resultados/marcas?
O meu objetivo é conseguir ajudar a equipa de Portugal a chegar à final por equipas, e entregar um resultado igual ou superior à nossa melhor marca.
O que é um bom resultado olímpico para Portugal?
Penso que conseguir qualificar uma equipa para a final, e lutar pelos 6 ou 7 primeiros lugares por equipas, era uma grande vitória para Portugal nesta modalidade.
Qual a primeira memória que tem dos Jogos Olímpicos?
De ouvir falar no meu bisavô [Domingos de Sousa Coutinho] ter ganho uma medalha nos Jogos Olímpicos de 1936 em Berlim, na modalidade equestre de obstáculos.
Quem é o melhor atleta olímpico de sempre na sua modalidade?
Isabell Werth.
Se ganhar uma medalha, a quem a vai dedicar?
À minha família e amigos que me apoiaram neste percurso, e que contribuíram para chegar a este marco importante da minha vida.
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Memórias, objetivos e até uma pandemia. Rumo aos Jogos Olímpicos, que se realizam de 23 de julho a 8 de agosto em Tóquio, no Japão, desafiámos alguns dos nossos atletas a responder a um Questionário Olímpico.
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