“Percebendo a tristeza dos adeptos, tem de haver convicção de toda a gente de que não existe clube que possa viver e pagar as suas contas sem vender jogadores. Preferimos fazer a venda mais cara, mas mantendo jogadores importantíssimos. Com apenas uma venda, impedimos a saída do [David] Neres, do Morato, do Florentino, do [Petar] Musa… Também tivemos propostas pelo António Silva e pelo João Neves. Para fazer o mesmo valor, teríamos de fazer quatro ou cinco vendas. Esta venda do Gonçalo Ramos permite-nos chegar até ao final da época sem ter de vender mais nenhum jogador”, constatou o dirigente, ao fazer balanço da atuação dos ‘encarnados’ no defeso, em entrevista à BTV.
O avançado internacional português Gonçalo Ramos, de 22 anos, estabeleceu a venda mais elevada do Benfica no verão, ao ser emprestado ao Paris Saint-Germain, com uma cláusula de compra obrigatória de 65 milhões de euros (ME), mais 15 ME em objetivos.
“Embora ainda seja considerado um empréstimo, em nada alterou as nossas manobras financeiras. Agora, ninguém escolhe os ‘timings’ para uma transação ou para o início de uma negociação. Evidentemente, houve uma tentativa inicial de tentarmos jogar isto para lá da Supertaça, mas, a partir do momento em que a negociação está a decorrer e que o jogador já está em posse da proposta do futuro clube, esqueçam. Diz-nos o futebol e diz-me toda a experiência que não vale a pena estar a contar mais com esse atleta”, vincou.
Essa transferência foi confirmada a três dias da Supertaça Cândido de Oliveira, na qual o Benfica bateu o FC Porto (2-0), em Aveiro, na estreia oficial em 2023/24, tendo Rui Costa visto como “uma ideia mais romântica do que real” a disponibilidade de Gonçalo Ramos.
“Esse jogo não estava na cabeça dele e foi preparado sem a sua presença. É legítimo e normalíssimo que o jogador já não esteja com a cabeça cá e não queira arriscar. Há que ser muito objetivos: tínhamos de ter em campo os atletas que estariam completamente disponíveis a nível mental para jogar essa Supertaça. Não poderia pedir isso ao Gonçalo, sabendo, ele próprio, os riscos que corria para jogar um jogo daquela dimensão”, notou.
O avançado contribuiu largamente para os 92,4 ME fixos embolsados pelos campeões nacionais em receitas de transferências entre julho e o início de setembro, montante que pode crescer 22,9 ME em variáveis, face ao investimento de 69 ME, mais 11 em bónus.
“Foi uma ida [ao mercado] na tentativa de equilibrar contas, mas que apontasse muito à planificação da época em termos desportivos. Acho que isso foi completamente atingido. Mais do que olharmos para os números, há que perceber se são benéficos ou não para o Benfica. Estou satisfeito com o mercado, que nos trouxe soluções e mais-valias de uma forma financeiramente equilibrada. Quando assim é, é muito positivo”, referiu Rui Costa, convencido de que o conjunto de Roger Schmidt “está mais forte” em relação a 2022/23.
O defeso ficou também marcado pela chegada a custo zero do extremo Ángel Di María, campeão mundial de seleções pela Argentina, ao voltar ao clube no qual se projetou para a elite mundial, de 2007 a 2010, após uma breve passagem pelos italianos da Juventus.
“Vou revelar um segredo: ele fechou contrato um mês antes de se apresentar na Luz. No ano passado, esteve muito perto [de voltar], mas a Juventus surgiu com valores que não poderíamos atingir. Este ano, a partir do momento em que ele soube que o Benfica ainda estava interessado, não quis ouvir mais nada. Veio sem ultrapassar o teto salarial e sem prémio de assinatura. A sua vinda é de ‘eu quero voltar a jogar no Benfica. Aquilo que me puderes dar é aquilo que irei receber’. Deve fazer-se jus à vontade que ele teve”, contou, esperançado em convencer o dianteiro a permanecer na Luz para lá do final de 2023/24.
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