Quatorze minutos depois das 13h desta quarta-feira, Bruno de Carvalho assegurava que o Conselho Diretivo está isolado no leme do Sporting. Numa declaração à imprensa, marcada após a demissão de Guilherme Pinheiro da SAD leonina, o presidente do conselho diretivo assegurou que o Conselho Diretivo é o único órgão em função, uma vez que a Mesa de Assembleia Geral (MAG) e o Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) se demitiram.
"Estamos legitimamente a cumprir o nosso mandato", reforça o presidente do Sporting. "Se eles não acreditam mais no projeto: adeus".
"Está marcada uma assembleia-geral para dia 17 de junho, que é obrigatória, por causa do orçamento", e, depois, "uma assembleia geral eleitoral para quem se foi embora", no dia 21 do mesmo mês. Bruno de Carvalho afirma que a assembleia-geral de dia 23 não vai acontecer.
"Estamos a trabalhar, a fazer o nosso trabalho e eles [MAG e CF] andam-nos a incomodar", apelando a que os demissionários recorram à justiça. "Não vale a pena andarmos nisto".
"A antiga Mesa tinha pedido uma AG que não vai haver, eles não são a mesa. Se querem uma AG de destituição entreguem as coisas cá, o primeiro subscritor pode acompanhar o processo de verificação e aí sim marca-se uma AG destitutiva", disse.
"Não fomos nós que os corremos, eles é que se demitiram. Quem se quis embora foram a mesa e o conselho fiscal", referiu.
Bruno de Carvalho pediu ainda aos associados que julgam que a atual direção está a cometer uma ilegalidade que recorram para os tribunais.
"Jaime Marta Soares, ex-presidente da MAG, quis marcar uma assembleia que não previa nenhuma assinatura", acusa Bruno de Carvalho.
Depois da intervenção de Bruno de Carvalho, o antigo jornalista Fernando Correia comentou declarações à imprensa de alguns membros da comissão de fiscalização.
"Isto que estão a fazer ao Sporting é um assalto", disse Bruno de Carvalho depois de questionado pelos jornalistas sobre o pedido de esclarecimentos da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) à SAD do Sporting sobre a emissão obrigacionista de 15 milhões de euros prevista para este mês de junho.
O presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, admitiu hoje “um problema” com a emissão obrigacionista prevista pela SAD do clube, responsabilizando o presidente demissionário da Mesa da Assembleia Geral pela situação.
“É lógico que temos um problema, as pessoas vão ser responsabilizadas por este problema, mas cá estaremos para o resolver”, afirmou o presidente do clube, em conferência de imprensa, acrescentando que “a responsabilidade de esta operação estar parada deve-se a Jaime Marta Soares”.
Fonte oficial da CMVM revelou hoje ter pedido esclarecimentos à SAD do Sporting sobre a emissão obrigacionista de 15 milhões de euros prevista para este mês de junho. "A emissão do empréstimo obrigacionista encontra-se sujeita a autorização prévia da CMVM que implica também a aprovação de um prospeto. O emitente já entregou uma proposta de prospeto na CMVM. Entretanto foram pedidos esclarecimentos adicionais sobre o mesmo à SAD do Sporting”, disse à Lusa fonte oficial da CMVM.
Em 12 de maio, a Assembleia Geral da Sporting SAD autorizou a administração da sociedade a efetuar novas emissões obrigacionistas até ao final do ano, até um máximo de 60 milhões de euros, a realizar mediante ofertas públicas de subscrição de obrigações ordinárias, com uma maturidade não superior a quatro anos e com o valor nominal unitário de cinco euros.
“É normal que o processo conducente à aprovação de um prospeto conheça várias interações entre a CMVM e os emitentes, no caso em apreço convém ter em conta que têm ocorrido quase diariamente desenvolvimentos informativos em torno da sociedade emitente", acrescentou a fonte da CMVM.
Na sexta-feira, o Conselho Diretivo do Sporting reiterou a continuidade do processo da emissão do empréstimo obrigacionista na SAD e da contratualização da reestruturação financeira.
Esta quarta-feira foi conhecida a saída de Guilherme Pinheiro, administrador da SAD. A demissão acontece no dia a seguir à ida de Jorge Jesus para o Al Hilal, da Arábia Saudita, pelo qual assinou um contrato valido por um ano, com outro de opção. Em três anos ao serviço dos ‘leões’, Jorge Jesus conquistou uma Supertaça Cândido de Oliveira e uma Taça da Liga.
O clube de Alvalade vive momentos conturbados que culminaram na saída não só de Jorge Jesus e a rescisão por justa causa de Rui Patrício e Daniel Podence. A crise no Sporting teve início em 15 de maio, quando cerca de 40 pessoas encapuzadas invadiram a Academia do Sporting, em Alcochete, e agrediram alguns jogadores e elementos da equipa técnica.
A GNR deteve 23 dos atacantes, que ficaram em prisão preventiva depois de terem sido ouvidos no tribunal de instrução criminal do Barreiro.
Paralelamente, no âmbito de uma investigação do Ministério Público sobre alegados atos de tentativa de viciação de resultados em jogos de andebol e futebol, tendo como objetivo o favorecimento do Sporting, foram constituídos sete arguidos, incluindo o 'team manager' do clube, André Geraldes.
Na sequência destes acontecimentos, os elementos da Mesa da Assembleia Geral (MAG), a maioria dos membros do Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) e parte da direção apresentaram a sua demissão, defendendo que Bruno de Carvalho não tinha condições para permanecer no cargo.
De seguida, realizaram-se reuniões da MAG demissionária e membros do CFD com a direção, que culminaram com a decisão anunciada por Jaime Marta Soares de marcar uma Assembleia Geral para votar a destituição do órgão liderado por Bruno de Carvalho, agendada para 23 de junho, tendo ainda sido criada uma comissão de fiscalização para o CFD.
Entretanto, o Conselho Diretivo (CD) do Sporting decidiu por seu lado substituir a MAG e respetivo presidente através da criação de uma comissão transitória da MAG, que, por sua vez, convocou uma Assembleia Geral Ordinária para o dia 17 de junho, para aprovação do Orçamento da época 2018/19, aprovação de duas alterações estatutárias e análise da situação do clube e prestação de esclarecimentos aos sócios, e convocar uma Assembleia Geral Eleitoral para a MAG e para o CFD para o dia 21 de julho. O braço de ferro entre as diferentes entidades prossegue.
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