Em setembro de 2019, Sebastián Coates, central internacional uruguaio que chegou aos leões em janeiro de 2016, passava por um dos piores períodos da sua carreira desportiva. Foram três jogos em que, num deles, cometeu três penáltis e foi expulso (falhando o jogo seguinte e tendo a sua “atuação” sido destacada em Inglaterra), ao passo que nos outros dois marcou um autogolo em cada uma das partidas.

Leonel Pontes, então técnico do clube de Alvalade, dizia que estes eram “demasiados erros individuais que penalizam a equipa e o clube”, que “pior do que toda a gente deve estar o jogador” e que algo tinha de mudar. “Não pode ter tanto azar na vida. É preciso haver mudanças para que o jogador estabilize emocionalmente”, referia.

E as mudanças existiram. Depois de Leonel Pontes chegou Silas, depois de Silas veio Rúben Amorim. Coates deixou de ser um de dois defesas-centrais para ser o patrão de uma defesa a três, atuando no meio, ladeado por Feddal e Gonçalo Inácio (ou Neto).

E Coates renasceu.

É o líder da defesa menos batida do campeonato, o capitão de uma equipa que ainda não perdeu, o comandante de uma equipa jovem mas com vontade de fazer história.

A invencibilidade do clube de Alvalade fez-se muito por aquilo que o uruguaio (e os seus companheiros) deram ao Sporting defensivamente. Coates jogou como nunca e assinou várias exibições de gala, com destaque para a vitória dos leões em Braga – naquele que terá sido o jogo que lançou definitivamente o clube de Alvalade para o título. Nessa partida, com o Sporting a jogar com menos uma unidade desde os 18 minutos da primeira parte (fruto da expulsão de Gonçalo Inácio), o uruguaio fez talvez o melhor jogo de leão ao peito, “limpando” tudo o que havia para “limpar”, por terra e pelo ar, e ajudando a baliza de Adán a ficar inviolável antes e depois de Matheus Nunes marcar o golo que daria a vitória aos leões no terreno dos arsenalistas.

Contudo, a verdade é que os golos de Coates foram também decisivos para garantir pontos. Foram dele os dois golos com que os leões bateram o Gil Vicente em Barcelos (ambos nos últimos sete minutos do jogo), foi dele o golo da vitória frente ao Santa Clara (já depois dos 90 minutos) e foi também dele o golo que reduziu a diferença frente ao Belenenses, em Alvalade (os leões haveriam de empatar 2-2, com o empate a ser garantido por Jovane Cabral já depois da hora), naquele que terá sido o pior período da equipa de Rúben Amorim no campeonato (três empates em quatro jogos).

Tudo golos que deram pontos, pontos esses que foram decisivos para o regresso do Sporting aos títulos, 19 anos depois.

Liderança, capacidade defensiva e habilidade para ir lá à frente ser decisivo. Tudo isto fazem de Sebástian Coates a principal figura dos leões neste campeonato, depois da travessia de deserto que o colocou nas boas do mundo pelas piores razão.

Depois do azar, veio a sorte – ainda que esta dê muito trabalho. Coates merece-a como ninguém.

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