Minutos depois do início da partida da 30ª jornada da Liga inglesa de futebol em Manchester, e já depois de os jogadores das duas equipas e os árbitros terem colocado os joelhos no chão num gesto de solidariedade para com o movimento ‘Black Lives Matter', o avião deu várias voltas no céu, exibindo o ‘slogan' ‘White Lives Mater Burnley' (‘Vidas de brancos contam, Burnley’) antes de se afastar.
O clube reagiu de imediato através de um comunicado, no qual condenou "veementemente" aquela ação e os seus responsáveis.
"Isto não representa de maneira algum os valores do Burnley e cooperaremos com as autoridades para identificar os responsáveis e tomar as medidas apropriadas. Queremos deixar claro que os responsáveis por este ato não são bem-vindos ao Turf Moor [estádio do clube]", vincou.
O ‘slogan’ ‘White Lives Matter’ tem sido usado por grupos de extrema-direita que se opõem ao movimento ‘Black Lives Matter', que ganhou expressão após a morte do afro-americano George Floyd.
Nos últimos anos, as instâncias que superintendem o futebol inglês têm sido muito duras em relação aos comportamentos racistas ou homofóbicos dos adeptos, não hesitando em bani-los dos estádios.
Burnley é uma antiga cidade industrial e de mineração do norte da Inglaterra e foi, em julho de 2001, palco de distúrbios raciais que também afetaram Leeds, Oldham ou Bradford, na qual o partido de extrema-direita British National obteve alguns sucessos eleitorais no início dos anos 2000.
Os jogadores da Premier League decidiram, por unanimidade, ajoelhar-se durante os primeiros jogos de recomeço da competição, gesto popularizado durante as manifestações de protesto pela morte de George Floyd.
O ‘slogan' ‘Black Lives Matter' também aparece na parte de trás de todas as camisolas no lugar dos nomes dos jogadores e permanecerá no emblema até ao final da época.
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, sucederam-se protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem, num cenário que se estendeu também a protestos e com manifestações em várias cidades mundiais.
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