A decisão de escolher a Baker Tilly já foi deliberada pela administração do banco central, liderada por Carlos Costa, e acontece quando se aproximam os dois anos da resolução do banco, que se assinalam em dezembro.
Será então esta empresa que, nos próximos meses, irá avaliar que perdas teriam sofrido os credores do Banif se em vez da resolução, em dezembro de 2015, o banco tivesse sido liquidado.
Pela lei, caso essa auditoria chegue à conclusão que teriam menos perdas numa liquidação, esses credores têm dinheiro a receber do Fundo de Resolução bancário.
Na resolução do BES, a consultora Deloitte concluiu que os credores comuns do BES recuperariam 31,7% dos seus créditos caso o banco tivesse ido para liquidação, em vez de resolução.
Em setembro, o presidente da associação de lesados do Banif, Alboa, deixou, em declarações à Lusa, fortes críticas ao facto de haver falta de informação sobre a situação do Banif à data de resolução e nomeadamente ao Banco de Portugal, por então ainda não ter escolhido a entidade para levar a cabo a auditoria.
“Nós estamos à espera que apareçam contas, que apareçam avaliações, do Banif, da Oitante. Ninguém presta contas. E isto está a chegar a um limite, temos de ser sérios (…), as entidades têm de responder, não se podem refugiar atrás de uma parede e omitir dados importantes”, disse à Lusa Jacinto Silva, da Alboa.
A Alboa representa 1.500 dos cerca de 3.500 obrigacionistas do Banif. Estes são, em grande parte, cidadãos oriundos das regiões autónomas da Madeira e dos Açores e das comunidades portuguesas na África do Sul, Venezuela e Estados Unidos, que dizem ter perdido 263 milhões de euros de investimento feitos no Banif.
Jacinto Silva criticava ainda a falta de prestação de contas do Banif relativas a 2015 e 2016. Em agosto, a equipa de gestão do Banif ‘mau’ disse que ainda não sabia quando poderia divulgar essa informação financeira, entre outros fatores, por falta de meios técnicos e humanos, assim como pela “complexidade e excecionalidade da medida aplicada” e a necessidade de articulação de informação com o Santander Totta e a Oitante.
Ainda quanto à auditoria, Jacinto Silva disse que a Alboa não ficará com a sua execução, mas que em toda a informação que apareça irá verificar se essa é “é credível ou não”, uma vez que há acervo do Banif de que se desconhece o paradeiro.
Em dezembro, faz dois anos que o Banif foi alvo de uma medida de resolução, por decisão do Governo e do Banco de Portugal.
Parte da atividade bancária do Banif foi então vendida ao Santander Totta por 150 milhões de euros, tendo sido ainda criada a sociedade-veículo Oitante para a qual foram transferidos os ativos que o Totta não comprou.
Continua a existir ainda o Banif S.A., o designado 'banco mau', no qual ficaram os acionistas e os obrigacionistas subordinados, que provavelmente nunca receberão o dinheiro investido, e ativos ‘tóxicos’ como o Banif Brasil.
O Banif (‘banco mau’) é atualmente presidido por José Manuel Bracinha Vieira, que foi quadro do Banco de Portugal, a quem caberá preparar a liquidação do banco.
Antes, teve como presidente Morais Alçada que pediu, no fim de 2016 para não continuar em funções.
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