Na conferência de imprensa, em Lisboa, o presidente executivo do banco, Pablo Forero, considerou este “um resultado muito bom”, e destacou o lucro líquido em Portugal de 222,5 milhões de euros, bem acima dos 10,7 milhões de euros do primeiro semestre de 2017 na atividade doméstica.
Do valor conseguido em Portugal, 104,2 milhões de euros foram de resultados recorrentes e há 121,3 milhões de euros de resultados extraordinários, conseguidos com a venda da participação que o banco tinha na Viacer (empresa que detém 56% no grupo Super Bock, que rendeu 59,6 milhões de euros) e a venda ao Caixabank da BPI Gestão de Ativos e BPI Global Investment Fund (61,8 milhões de euros).
Foram ainda conseguidos, na atividade em Portugal, 2,5 milhões de euros de resultados de operações em descontinuação (abaixo dos oito milhões de euros do primeiro semestre de 2017). Em contrapartida, o programa de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo ainda teve um custo de 5,5 milhões de euros (abaixo dos prejuízos de 76,3 milhões de euros entre janeiro e junho de 2017).
Já o Banco de Fomento de Angola (BFA) contribuiu para os lucros entre janeiro e junho com 136,3 milhões de euros e o moçambicano BPI deu lucros de 7,1 milhões de euros, acima dos 4,6 milhões de euros do primeiro semestre do ano passado.
Sobre a venda da participação no BFA para cumprir a recomendação do Banco Central Europeu (BCE) de reduzir a operação no mercado angolano, Pablo Forero disse que "não há nenhum desenvolvimento, nenhuma novidade" ainda que continuem interessados na possibilidade de pôr o banco em bolsa e venderem aí as suas ações.
Questionado sobre se falou com a Unitel recentemente sobre esse dossiê, disse que não, já sobre se falou no início do ano excusou-se a comentar.
O BFA é controlado em 51,9% pela Unitel (operadora de Isabel dos Santos) e o BPI tem 48,1%.
Já sobre eventual venda da posição no BCI (em que o BPI tem cerca de 35% e a CGD mais de 60%), disse Pablo Forero que não há "nenhuma estratégia" nesse sentido e adiantou mesmo que as "as coisas estão a correr melhor em Moçambique".
Analisando a conta de resultados consolidada do BPI, entre janeiro e junho, o produto bancário foi de 573 milhões de euros, mais 30% face ao mesmo período de 2017 (contudo, há que ter em conta que os resultados do primeiro semestre de 2017 foram alterados para fazer face à saída de atividades vendidas e em descontinuação), com a margem financeira a avançar 8%, para 207,2 milhões de euros e as comissões líquidas a subirem 8,8%, para 134,6 milhões de euros.
Os custos de estrutura, por seu lado, caíram 33%, para 221,7 milhões de euros, com os custos com pessoal a cederem quase metade, para 126,8 milhões de euros, depois de o banco ter levado a cabo um programa de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo.
No final de junho, o BPI tinha 4.843 trabalhadores em Portugal, menos 87 em termos líquidos do que no final de dezembro passado.
Segundo o administrador Pena do Amaral, isso é o resultado de 174 saídas e 87 contratações.
Das pessoas que saíram, disse, 60 estavam já acordadas no programa de reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo do ano passado, uma grande parte (que não quantificou) de trabalhadores que pertenciam as empresas vendidas ao Caixabank (BPI Gestão de Ativos e BPI GIF) e as restantes saídas naturais.
Até final do ano, acrescentou, sairão mais 37 pessoas que acordaram no âmbito do programa do ano passado.
Quanto a balcões, o BPI fechou oito agências entre janeiro e junho, tendo agora 423.
Sobre o balcão móvel do BPI, numa carrinha, indicou que é uma “experiência piloto” e que “tem como objetivo completar oferta do banco onde é necessário”.
Os depósitos de clientes aumentaram 7,5% em termos homólogos, para 20.813 milhões de euros, apesar da redução do remuneração média dos depósitos (o custo dos depósitos a prazo passou de 0,11% no primeiro semestre de 2017 para 0,07% no primeiro semestre deste ano), enquanto os depósitos de investidores institucionais e financeiros desceram 40%, para 1.351 milhões de euros.
Já a carteira total de crédito a clientes subiu 3,9%, para 23.080 milhões de euros, com o banco a destacar que o crédito a empresas em Portugal aumentou 8,3%, para 7.761 milhões de euros.
O novo crédito hipotecário (em que se inclui o crédito à habitação) cresceu 44% para mais de 700 milhões de euros.
Ainda no primeiro semestre, o BPI registou 4,5 milhões de euros em reversão de imparidades
O BPI tinha no fim de junho um rácio de solvabilidade CET1 de 12,8% e um rácio total de 14,6%, ambos com as regras totalmente executadas.
O rácio de eficiência (rácio cost-to-income, as receitas face aos custos) era, em junho, de 61,5%, tendo o objetivo de em 2020 estar próximo dos 50%.
Na conferência de imprensa de hoje, Pablo Dorero falou sobre a venda de um quarteirão do BPI na baixa de Lisboa, que pertence ao Fundo de Pensões do banco, por 66 milhões deuros, afirmando que fizem o negócio para “aproveitar a situação do mercado” e que a ideia é concentrar os serviços centrais do banco em quatro edifícios.
Os cinco edifícios em causa são delimitados por quatro das mais importantes ruas da baixa de Lisboa - Rua Augusta, Rua do Ouro, Rua do Comércio e Rua de São Julião -, com uma área bruta de construção de 11.100 metros quadrados, e foram comprados por um fundo alemão.
Sobre a saída de bolsa das ações do BPI, uma intenção do grupo bancário espanhol Caixabank, que desde o ano passado controla o banco, Forero indicou que o processo de autorizações poderá estar finalizado em novembro ou dezembro, concluindo-se então essa intenção.
[Notícia atualizada às 21:16]
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