A Comissão Europeia previu hoje, nas previsões económicas de inverno, um abrandamento da taxa de inflação na zona euro mais rápido este ano, para 2,7%, devido à queda acentuada dos preços da energia e às pressões moderadas, mantendo 2,2% em 2025.
Em entrevista à agência Lusa e outros três meios europeus em Bruxelas, no final da apresentação dos dados, o comissário europeu da tutela, Paolo Gentiloni, apontou que, “de facto, foram boas notícias”.

“A inflação está a baixar e […] há uma redução bastante grande, sendo o motor de tal diminuição os preços da energia, que estão a ir numa boa direção, apesar das tensões geopolíticas”, elencou.

Questionado sobre eventuais reduções nas taxas de juro, dada a apertada política monetária do Banco Central Europeu (BCE) para, precisamente, combater os elevados níveis de inflação registados nos últimos meses e garantir a estabilidade dos preços, Paolo Gentiloni rejeitou especular sobre as decisões da instituição.

“Os bancos centrais tomarão as suas próprias decisões com base em dados sólidos, […] mas o que descrevemos nas nossas previsões são, em todo o caso, as expectativas do mercado financeiro, que indicam que a redução está no horizonte e que é suposto começar em junho”, assinalou o comissário europeu da Economia, quando questionado pela Lusa.

“É claro que a expectativa do mercado financeiro é baixar autonomamente os ‘spreads’ e as taxas de juro e não é só a decisão oficial que muda isso, mas, no que diz respeito à decisão oficial, penso que temos de apoiar esta ideia de tomar decisões com base em dados”, acrescentou.

Nas previsões intercalares de inverno, hoje divulgadas, o executivo comunitário prevê que a inflação medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor desacelere de 5,4% em 2023 para 2,7% em 2024 e para 2,2% em 2025 na área da moeda única e que, na União Europeia (UE), desça de 6,3% no ano passado para 3% este ano e 2,5% no próximo.

Nas anteriores projeções, as de outono publicadas em novembro passado, Bruxelas previa, para a zona euro, uma descida da inflação de 5,6% em 2023 para 3,2% este ano e de 2,2% em 2025.

“Há uma redução de cinco pontos percentuais”, assinalou ainda Paolo Gentiloni.

Estas projeções surgem numa altura em que se registam vários bloqueios no Mar Vermelho, onde os combatentes houthis iemenitas estão a atacar embarcações da Marinha Mercante em retaliação pela guerra de Israel na Faixa de Gaza.

Teme-se um eventual aumento dos preços na área da moeda única e na União devido a estes ataques no Mar Vermelho, que provocaram perturbações no transporte marítimo e aumentaram os custos nas rotas comerciais entre a Ásia e a Europa.

Nas previsões hoje divulgadas, Bruxelas admite inclusive que “a inflação global da zona euro deverá situar-se ligeiramente acima do objetivo do BCE”, na ordem dos 2%.

“As condições de crédito continuam a ser restritivas, mas os mercados esperam agora que o ciclo de flexibilização se inicie mais cedo [pois] o mercado de trabalho da UE continua a registar um desempenho notável”, diz ainda a instituição.