“O Governo, em vez de tratar de arranjar outro presidente do conselho de administração, anda a ver o que é que vai acontecer”, afirmou o líder ‘laranja’, Rui Rio, no final da apresentação dos candidatos autárquicas do PSD no distrito de Beja.
Para o líder social-democrata, Vítor Fernandes, cuja nomeação para presidente do Banco de Fomento foi suspensa pelo Governo, “não tem, mas já não tinha condições” do ponto de vista político “antes deste episódio”.
Realçando que se sabe “há muito tempo qual foi o percurso que [Fernandes] fez na banca”, Rui Rio sublinhou que o gestor “pertenceu a uma administração da Caixa Geral de Depósitos que teve uma atuação francamente má”.
“Parte dessa administração, com ele incluído, foi para o Banco Comercial Português, onde tiveram também uma atuação má e, a seguir, para a administração do Novo Banco, onde, pelo menos sabemos, o que tem feito é arranjar menos valias atrás de menos valias e pôr os portugueses a pagar”, salientou.
Segundo o presidente do PSD, esta é “uma fotografia suficiente para não se nomear a pessoa em causa para presidente de um banco que deve ter um papel determinante na recuperação da economia portuguesa”.
“Se o Dr. Vítor Fernandes, enquanto administrador do Novo Banco, ajudou muito ou ajudou pouco o presidente do Benfica é algo que para a política e para mim não releva”, frisou, sublinhando que esse caso “é mais do foro criminal”.
Rio também disse que ficou “admirado” com a reavaliação da idoneidade de Vítor Fernando, decidida pelo Banco de Portugal, que considerou não ser “das mais rigorosas”, alegando que essa apreciação “já estava medida ao longo de toda a carreira”.
Na segunda-feira, o Governo anunciou a suspensão da nomeação de Vítor Fernandes para a presidência do Conselho de Administração do Banco do Fomento para evitar “controvérsia” na instituição, disse então o ministro da Economia.
O ex-administrador do Novo Banco terá sido mencionado em documentos do Ministério Público (MP) referentes à operação Cartão Vermelho, na qual o presidente da Promovalor e do Benfica (com funções suspensas) Luís Filipe Vieira é arguido.
Luís Filipe Vieira, que suspendeu funções na presidência do Benfica, foi um dos quatro detidos numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do clube e Novo Banco.
Vieira, que está em prisão domiciliária até à prestação de uma caução de três milhões de euros, e proibido de sair do país, está indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.
Segundo o Ministério Público, o empresário provocou prejuízos ao Novo Banco de, pelo menos, 45,6 milhões de euros, compensados pelo Fundo de Resolução.
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