Os indicadores de privação material e social baseiam-se num conjunto de treze itens relacionados com as necessidades sociais e económicas das famílias, mas também aspetos relacionados com o bem-estar de cada pessoa, como roupa nova, calçado, “dinheiro de bolso” e com o lazer e a interação social.
Os dados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimentos do INE realizado em 2022, sobre rendimentos do ano anterior, indicam que 12% da população se encontrava em privação material e social (menos 1,5 p.p. do que no ano anterior) e 5,3% em privação material e social severa (menos 0,7 p.p. do que no ano anterior)
Segundo a informação recolhida de abril a julho de 2022, e referente aos últimos 12 meses, 36,3% das pessoas viviam em agregados sem capacidade financeira para substituir mobiliário usado (37,9% em 2021), 29,9% não conseguiam assegurar o pagamento imediato sem recorrer a empréstimo de uma despesa inesperada de 555 euros, que corresponde aproximadamente ao valor mensal da linha de pobreza no ano anterior (31,1% em 2021).
Os dados apontam ainda que 10,4% das pessoas não podiam participar regularmente numa atividade de lazer por motivos económicos (12,4% em 2021), 9,7% não podiam gastar semanalmente uma pequena quantia de dinheiro consigo próprio (12,2% em 2021), 7,3% das pessoas não podiam substituir roupa usada por alguma roupa nova (excluindo a roupa em segunda mão), menos 1 p.p. do que em 2021.
Em sentido contrário, o INE destaca o aumento do número de pessoas que viviam em agregados sem capacidade financeira para manter a casa adequadamente aquecida (17,5%, mais 1,2 p.p. do que em 2021), sem capacidade para pagar uma semana de férias por ano fora de casa (37,2%, mais 0,5 p.p. do que em 2021) e sem dinheiro para ter uma refeição de carne ou de peixe (ou equivalente vegetariano), pelo menos de dois em dois dias (3,0%, mais 0,6 p.p. do que em 2021).
Os resultados do inquérito revelam também que a taxa de intensidade da pobreza caiu para 21,7%.
Em 2021, o rendimento monetário disponível mediano das pessoas em risco de pobreza foi de 5.171 euros, obtendo-se uma taxa de intensidade da pobreza de 21,7%, menos 5,4 p.p. do que no ano anterior (27,1%) e o valor mais baixo da série iniciada em 2003.
Neste ano, existiam cerca de 1,6 milhões de residentes em risco de pobreza, menos 197 mil do que no ano anterior, refere o INE, acrescentando que a média dos rendimentos monetários líquidos por adulto equivalente aumentou 0,3%, de 13.113 euros em 2020 para 13.148 euros em 2021, sobretudo devido aos aumentos da média dos rendimentos líquidos do trabalho por conta própria (0,9%) e das pensões de velhice (0,1%).
O risco de pobreza diminuiu principalmente no caso das mulheres, de 19,2% em 2020 para 16,8% em 2021, valor apenas ligeiramente superior ao registado em 2019 (16,7%), e a população reformada também registou um decréscimo da pobreza relativa de 18% para 14,9%.
Em 2021, a proporção da população com menos de 65 anos que vivia em agregados familiares com intensidade laboral ‘per capita’ muito reduzida foi 4,6% em 2021, contra 5,2% em 2020.
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