"Considero que posso ter exercido alguma pressão sobre a CGD [enquanto ministra das Finanças]. Foi apenas uma vez e foi a tentativa que a participação dos lucros da CGD [para os cofres estatais] fosse maior, na ordem dos 60% ou 70% em vez dos 50%", disse a responsável durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD.
"Andávamos à procura de receita onde poderíamos ter, por causa do défice, mas o presidente da CGD não o fez. Ele não se subordinou a esse pedido e não o cumpriu", acrescentou.
E realçou: "Acho que ambos defendemos os interesses do país e também da CGD".
Questionada sobre se na altura em que esteve na tutela das Finanças (entre 2002 e 2004) havia já preocupação sobre as imparidades, Ferreira Leite disse que não havia qualquer sinal de alarme relativamente ao incumprimento do crédito concedido pelo banco público.
"Em relação às imparidades futuras, acho que é muito difícil fazer esse tipo de análise. Acertar nos prognósticos à segunda-feira é fácil. Prever as imparidades que poderiam vir a acontecer é mais difícil. Havia um enquadramento na altura em que os créditos eram atribuídos", sublinhou.
Ferreira Leite referiu que, mesmo sendo verdade que "a participação do lucro era importante para o Estado", na altura "as provisões foram feitas não a 100% mas a mais do que a 100%".
No seu entender, a decisão tomada pela gestão da CGD visava garantir que "não houvesse a tentação de ir buscar mais receita, pelo que o provisionamento [para crédito] era feito a mais de 100%".
E realçou: "Pode haver contas seguras, mas duvido que mais seguras do que naquela altura".
De resto, a antiga governante disse que a CGD não fez emissões de dívida com garantia estatal durante as suas funções no executivo de Durão Barroso.
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