“Espanha adota as medidas que acha corretas na luta contra a pandemia [de covid-19], mas há uma falta de cooperação enorme entre regiões e países e é mais uma machadada para o comércio local”, explicou o presidente da ACISAT, Vítor Pimentel.
Vítor Pimentel lembrou que no caso dos concelhos fronteiriços do distrito de Vila Real, como Chaves e Montalegre, mas no Alto Tâmega em geral, que engloba ainda Vila Pouca de Aguiar, Ribeira de Pena, Boticas e Valpaços, os espanhóis procuram a restauração e comércios de retalho e têm importância para a economia local.
O Governo Regional da Galiza decidiu hoje que toda a comunidade vai estar em confinamento entre as 12:01 de sexta-feira, 04 de dezembro, e a mesma hora de quarta-feira, dia 09, para restringir a mobilidade com território português.
Segundo fontes do executivo galego citadas pela agência Efe, esta decisão é adotada porque o comité clínico considera prioritário restringir a mobilidade com Portugal, dada a alta incidência de casos de covid-19 em território português.
O presidente da Xunta [o Governo Regional galego], Alberto Núñez Feijóo, já tinha anunciado esta manhã que iria estabelecer “restrições de mobilidade” com Portugal a partir de sexta-feira, altura em que começa o levantamento das restrições mais apertadas aplicadas há três semanas.
Para o dirigente da associação empresarial do Alto Tâmega além da preocupação com o ‘fecho de fronteiras’ por parte de Espanha existe ainda a preocupação com “a falta de medidas de apoio a quem está a suportar esta situação”.
“Estamos a assistir atualmente a uma greve de fome em frente à Assembleia da República e estas pessoas merecem respeito e humanidade. É necessário ajudar financeiramente a restauração, bares ou discotecas para se manterem os negócios abertos e salvar empregos”, alertou, criticando as atuais medidas de apoio do Governo para este setor.
Vítor Pimentel apelou ainda à sensibilização por parte da população para o consumo no comércio local.
“A ACISAT apelou já para que o comércio local abra também aos domingos de manhã e recebeu algumas críticas do setor público, mas é preciso lembrar que quem está a suportar as dificuldades é o setor privado”, apontou.
“Efetivamente o que tenho visto é gente a cumprir [nos comércios], quer o uso da máscara, o cumprimento da lotação máxima ou os cafés e restaurantes com espaçamento correto entre mesas”, acrescentou.
O presidente da ACISAT sublinhou ainda ser “injusto” este tipo de negócios serem considerados “o bode expiatório” da pandemia.
“Temos um problema global que tem de ser ultrapassado por todos, com regras, mas deixem as pessoas trabalhar e colocar comida das mesas das famílias, e os patrões manter os funcionários. No caso do Alto Tâmega estes setores são um suporte da economia e tem de haver coragem social e política para se mudar este paradigma”, vincou.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.482.240 mortos resultantes de mais de 63,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 4.645 pessoas dos 303.846 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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