A S&P divulgou esta segunda-feira um relatório no qual avalia as economias de Espanha, Portugal e Grécia, quase uma década após o eclodir da crise, tendo em conta que estes países foram dos mais afetados.
Portugal e Espanha, refere no documento, fizeram importantes ajustamentos externos, conseguindo mesmo excedentes que comparam com “insustentáveis défices externos que ambos [os países] tinham antes de 2008″.
A S&P destaca ainda a melhoria das exportações, tanto de Portugal como de Espanha, nomeadamente graças ao serviço do turismo, considerando que continuarão a beneficiar de um euro mais fraco.
Apesar destas semelhanças, a agência vê diferenças consideráveis entre os dois países da Península Ibérica, destacando que Espanha lidera a recuperação, com maior crescimento de emprego, consumo e exportações, pelo que admite melhorar para positivo o ‘outlook’ (perspetiva) do ‘rating’ do país, atualmente em BBB+ (dentro de nível de investimento).
Já sobre Portugal, é dito que “avança mais lentamente do que Espanha”, mas que “deve manter-se no caminho da recuperação moderada”.
Quanto ao ‘rating’ de Portugal, a S&P diz que este continua “constrangido pela elevada dívida pública e privada” e por um “sistema bancário que permanece frágil”, o que dificulta a transmissão da política monetária e o estímulo ao investimento.
“Na nossa visão, o setor bancário português tem de melhorar a sua rentabilidade e eficiência e a sua capacidade de gerar resultados continua pressionada pelos baixos níveis de taxas de juro e elevado volume de ativos problemáticos”, refere a agência, estimando que 16% dos ativos são créditos problemático e ativos imobiliários.
A S&P diz que tem havido progressos, como na recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas considera que os bancos têm de reduzir os ativos problemáticos, o que ajudaria a fortalecer a transmissão da política monetária e as condições de crédito, considerando que medidas implementadas pelas autoridades nesse sentido “pesariam positivamente no ‘rating’ soberano”.
Além disso, refere, poderia melhorar ‘rating’ de Portugal se as melhorias da economia excedessem as perspetivas.
No dia 12 de abril, a Lusa noticiou que a Standard & Poor’s admitia vir a melhorar o ‘rating’ de Portugal se o crescimento económico acelerar e se baixar o valor do crédito malparado que pesa sobre o balanço dos bancos.
Ainda no relatório hoje divulgado, a S&P estima que a economia portuguesa cresça 1,6% este ano, depois de ter avançado 1,4% no ano passado, enquanto a taxa de desemprego deverá ficar nos 10%, o que compara com os 17,5% de pico de há cerca de três anos. Já a dívida pública deverá fixar-se em 118% do Produto Interno Bruto (PIB).
A S&P atribui uma notação financeira de ‘lixo’ à dívida soberana de Portugal (‘BB+’), tal como as outras duas maiores agências, Moody’s e Fitch.
Melhor notação é apenas dada pela DBRS, que na passada sexta-feira manteve o ‘rating’ atribuído a Portugal em ‘BBB’ (baixo), o primeiro nível de investimento, acima do ‘lixo’, continuando também a dar a perspetiva estável (ou seja, para já não é previsível melhorar a nota).
O ‘rating’ atribuído pela DBRS tem muita relevância porque a notação de investimento por pelo menos uma das quatro maiores agências (a DBRS é quarta maior) é exigida para que o Banco Central Europeu (BCE) continue a comprar dívida pública em Portugal e a financiar a banca nacional.
Ainda no relatório da S&P, hoje conhecido, é avaliada a Grécia, sendo este o país cuja economia fica menos favorecida desta ‘fotografia” e sendo destacados os problemas que atravessa o sistema bancário do país, que vive uma crise de confiança, o que se vê nos depósitos.
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